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O Rei Prometido – Advento 2020

O Rei Prometido

Natal, advento do Rei das Nações e Senhor da Igreja - Advento 2020

E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo Israel.
(Mateus 2:6)

O Evangelista Mateus frequentemente se refere ao Antigo Testamento para corroborar seus escritos. A profecia citada em Mateus 2:6 é uma paráfrase de Miquéias 5:2, profecia esta que foi anunciada sete séculos antes.

A frase “o Guia que há de apascentar o meu povo Israel” não está explícita em Miquéias 5:2, mas Mateus interpretou desta forma a parte que diz: “de ti me sairá o que há de reinar em Israel”. O termo “apascentar” é usado muitas vezes no Antigo Testamento como ato de “governar” e “pastor” é frequentemente usado para o “soberano” que reina (2 Sm 5:2, 7:7; Jr 23:1-3; Ez 34; etc.).

Muitos líderes religiosos nos dias do nascimento de Jesus, e durante todo seu ministério humano, acreditavam no cumprimento literal de todas as profecias do Antigo Testamento, portanto acreditavam que o Messias de fato nasceria como rei dos Judeus. Mas, quando o Messias, a quem estavam esperando, finalmente veio, não o reconheceram. Ironicamente, quando Jesus nasceu, estes mesmos líderes religiosos se tornaram seus maiores inimigos (Jo 1:11; 5:18; 11:47-57).

Quando o rei Herodes, conhecido como “Herodes, o Grande”, que era filho de Antipater, um edomita, foi feito rei pelos romanos em 43 a.C. (sua morte foi em 4 a.D – lembrando que nossos calendários estão errados em pelo menos quatro anos) ouviu dizer que os Magos do Oriente* estavam procurando em Jerusalém o Rei dos Judeus, o rei consultou os principais sacerdotes e escribas, dois dos grupos que compunham o Sinédrio. Deram-lhe como resposta a profecia de Miquéias 5:2 que cita Belém claramente como o lugar do nascimento do Messias (Mateus 2:1-6).

(*Magos do Oriente:  indica originariamente a casta sacerdotal entre os persas e babilônios, homens respeitados de uma religião oriental que tiveram contato com os judeus exilados, especialmente com as profecias e a influência de Daniel. Leia Dn 2:2, 48; 4:6, 7; 5:7).

Encravada na memória de muitos de nós que, regularmente celebramos o Natal, está a citação que Mateus faz, em seu evangelho, com base em Miquéias 5:2. A cidade de Belém, no hebraico “casa do pão” (isto é, do alimento) era uma cidade na Palestina, perto de onde Jacó sepultou Raquel, e que na época era conhecida como Efrata (Gn 35:19; 48:7), razão pela qual também é denominada Belém-Efrata (Mq 5:2). Outros nomes aplicados a cidade são: “Belém de Judá” (1 Sm 17:12); “Belém da Judéia” (Mt 2:1) e “Cidade de Davi” (Lc 2:4; Jo 7:42).

O profeta Miqueias, setecentos anos antes de Cristo vir ao mundo, demonstra com clareza os detalhes da sua vinda. É preciso lembrar que José e Maria moravam em Nazaré (Lc 1:26-27, 2:4; Mt 2:23) e  o motivo de Jesus ter nascido em Belém e não em Nazaré está em Lc 2:1-7, onde podemos verificar a Soberania de Deus exercida através de um “Decreto de César Augusto” (Lc 2:1) para fazer cumprir a Profecia de Miquéias sobre o nascimento do Messias (Mq 5:2) citada por Mateus (Mt 2:6).

O Antigo Testamento contém centenas de profecias a respeito do Messias que viria. Miqueias e Isaías fazem as duas profecias mais claras sobre a encarnação do Senhor. Isaías prediz seu nascimento da virgem (Is 7:14; Mt 1:22-23; Lc 1:27,34-35). Miqueias fala sobre o lugar em que ele nasceria de maneira tão clara que, muito tempo depois, quando os magos perguntaram a Herodes onde o rei dos judeus deveria nascer, os escribas responderam sem hesitar:

Em Belém da Judeia […] porque assim está escrito por intermédio do profeta” (Mt 2:5 – Mq 5:2).

Dessa forma, a Palavra de Deus deixa claro que o Messias não deveria nascer em qualquer lugar ou em qualquer época. Miqueias indica o local exato (Mq 5:2), Lucas acrescenta o tempo específico (Lc 2:1-7) e Paulo deixa claro que foi na “plenitude do tempo” (Gl 4:4), que no original significa: “no tempo propício, exato, na medida certa para realização ou cumprimento”, no caso, no “tempo determinado por Deus” (Gn 49:10; Is 9:6-7; Lc 2:11; Jo 1:14).

Mas, o que muitos esquecem é o fato de que há uma segunda parte na Profecia de Miquéias, a qual não é citada por Mateus, que estava na mente da maioria dos judeus familiares com esse profeta menor, que faz dela uma profecia tão grandiosa. A segunda parte do trecho é, na verdade, o que faz com que a primeira metade seja tão significativa. A segunda parte diz: “Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos” (Mq 5:2b).

Jesus não passou a existir quando nasceu em Belém. Embora sua vida na terra tenha começado quando ele encarnou, Jesus é o Eterno Filho de Deus, que existe por toda a eternidade (Jo 1:1-4). Somente sendo o Deus-Homem, Jesus pôde/pode cumprir as expectativas proféticas. Somente um ser eterno pode ser um Rei Eterno sobre um Reino Eterno, como a Bíblia disse que seria.

Somente o ser completamente justo poderia/pode reinar em justiça, retidão e paz, tanto como Salvador quanto como Juiz (Is 9:6-7; Jo 3:16-19; 5:28-30; 8:16). Somente Jesus poderia cumprir as profecias e ser, ao mesmo tempo, “Filho de Davi” (2 Sm 7:12-16; Sl 132:11; Mt 1:1; Lc 1:31-33) e “Filho de Deus”(Lc 2:11; Jo 1:1,14; Rm 1:3-4; Fp 2:6-11; Hb 1:1-5).

Sim, os versículos de Miquéias 5:2-4 são uma profecia messiânica direta dizendo que o futuro “Rei das Nações” não é outro senão Jesus – o “Filho de Deus” que se tornou “Filho do Homem”, que nasceria (nasceu) em Belém e, num futuro próximo, finalmente, reinará não só sobre Jerusalém, mas até “os confins da terra” (Sl 98:3; Is 52:10; Mq 5:4; Zc 9:10; Mt 16:27-28, 19:28; At 1:8).

A revelação do Messias nesta passagem é deveras plena. Ele é visto primeiro como a criança nascida em Belém sendo apontado como o Eterno, cujas atividades têm sido desde a eternidade. Seu governo de Pastor é revelado em seguida como Pacificador (o que faz a Paz) e grande Libertador do seu povo. Ninguém jamais foi tão humilde quanto Ele, e ninguém jamais foi tão majestoso. Demonstrando que Jesus Cristo é absolutamente suficiente para os seus.

Em sua profecia Miqueias retrocede até as origens e descobre que esse Rei e sua missão já estavam presentes na aurora do mundo. Ele não é, portanto, uma tentativa de remendar o plano de Deus, frustrado pelos desatinos dos homens, mas tem nEle seu lugar previsto e reservado: “e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” afirmou o Profeta (Mq 5:2).

O Príncipe da paz não apenas reina, mas também apascenta o seu povo (Mq 5:4-5). Ele não apenas está no trono acima do seu povo, mas também está ao lado do povo, no meio do seu povo como o Bom Pastor, ou seja, Ele não apenas reina, mas também, pastoreia. O Príncipe da Paz é o Rei que vem para apascentar o seu povo com segurança (Is 9:6-7, 40:10-11). Suas ovelhas ouvem sua voz e o seguem, jamais deveriam seguir o estranho. Suas ovelhas recebem a vida eterna e ninguém pode arrebatá-las de suas onipotentes mãos (Jo 10:26-30). Ele é o grande Pastor que vive pelas ovelhas (Sl 23), morre pelas ovelhas (Sl 22) e Ele é o Supremo Pastor que voltará para as ovelhas (Sl 24; 1 Pe 5:4).

Por isso, o engrandecimento do Rei Pastor (Mq 5:4) que “será ele engrandecido até aos confins da terra”. Jesus não é pastor apenas de Israel, de um povo, de uma nação. Sua igreja não tem fronteiras raciais nem culturais. A igreja é formada tanto de judeus quanto de gentios. A igreja é transcultural, interdenominacional e universal (Gl 3:28). O Rei Pastor estende seu pastoreio até aos confins da terra porque morreu para comprar com o seu sangue os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação. O reino do Messias é um reino mundial, seguro, pacífico e eterno (Jo 10:11,17-18; Hb 13:20; Ap 5:9).

O reinado de paz do Rei Pastor é uma “Reinado de Paz”. Jesus fez a paz pelo sangue da sua cruz, ele é a nossa paz e nos dá a paz. Por meio de Cristo, temos paz com Deus (Rm 5:1) e a paz de Deus (Fp 4:7; Cl 1:20), sendo por isso uma paz tanto posicionai quanto circunstancial. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14:27). De fato, a nossa paz não é a “ausência de problema” nem apenas presença de coisas boas, nossa paz é uma pessoa. A nossa paz é Jesus, como afirma o Profeta “Este será a nossa paz” (Mq 5:5; Is 9:6).

A paz de Cristo não é imposta. Ele mesmo é a paz. A paz que Ele dá é uma paz universal, implantada no coração humano (Lc 17:21), e não o resultado de uma pressão externa. Essa não é a paz instável da política humana, mas a paz duradoura da reconciliação com Deus por intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 2:14; Ef 2:14-17).

O Rei de Israel não veio de modo próprio, foi enviado pelo Pai. Sua vinda não foi um acidente, mas uma agenda traçada na eternidade e confirmada ao longo dos séculos. Ele foi prometido. Os patriarcas falaram dEle. Os profetas apontaram para Ele. Os sacrifícios do templo tipificavam sua morte. Ele nasceu sob a lei, cumpriu a lei e é o fim da lei (Lc 24:25-27,44-48).

O Criador do universo, o Rei da glória, em sua encarnação, esvaziou-se e humilhou-se de tal maneira que nasceu numa manjedoura e agonizou numa cruz (Lc 2:12,16; Fp 2:5-10). Mas, o maior significado, tanto de seu nascimento quanto sua morte, está no fato de que nestes acontecimentos estão tanto a absolvição do castigo merecido (salvação) quanto o veredito da condenação eterna para os que não creem (Jo 3:16-19,36; Ap 19:11-16).

Que o Natal seja de fato uma boa notícia à todos os povos. Que todos saibam, e nós nos lembremos, de que há sim nEle Salvação para todos os povos, “até os confins da Terra” (Mq 5:4; At 1:8).

por Anderson Fazzion
WH Brasil

O texto acima é baseado na mensagem “Um profeta menor com uma grande mensagem” (título link) com compilações de comentários da “Coleção Comentários Expositivos Hagnos” (Pr. Hernandes Dias Lopes) usados em meditações diárias pessoais.

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Biografias – Os senhores da terra

Biografias - Os senhores da terra

Quem são esses ‘duongs’ que estão dispostos não apenas a viverem entre nós, mas também a morrerem pelo seu Deus entre nós?”
(Povo Yali)

O povo Yali na Papua Nova Guiné era hostil, selvagem guerreiro e canibal. Imersos nas suas crenças e tradições, mesmo com o avanço da evangelização e da presença missionária em meados dos anos 60, esse povo ainda se mantinha resistente à presença e abordagem missionária.

Os Yalis foi alcançado pelo missionário australiano Stanley Dale (Stan), que visitou pela primeira vez a Nova Guiné quando ainda estava no exército durante a Segunda Guerra Mundial. Foi nessa ocasião que ele, Stan, viu pela primeira vez as altas montanhas do interior e decidiu que um dia voltaria para levar a mensagem do amor de Deus às pessoas que viviam naquelas áreas remotas.

(Stanley Dale)

Após o término da Segunda Guerra, Stanley Dale completou sua educação bíblica, se casou e começou seu treinamento para alcançar os nativos das terras altas da Nova Guiné. Stanley foi recusado por várias sociedades missionárias, até que em 1947, foi aceito indo para Nova guiné, onde trabalhou até 1960 com as tribos das terras baixas. Até então, alguns poucos povos de ilhas mais próximas do contato com a civilização, e outros das montanhas mais acessíveis já haviam sido abordados pelos duongs (homens brancos) e ouvido histórias sobre um Deus que havia morrido e voltado a viver.

Finalmente, em 1961, com a ajuda de um nativo convertido, Stan fez sua jornada até o Vale Heluk onde fizeram contato com a tribo YaliStan acreditava que mesmo o mais violento canibal Yali tinha uma alma que valia a pena salvar porque era a imagem de Deus.

Enquanto o Evangelho florescia na extremidade superior do vale, os que viviam na parte inferior, ainda permaneciam na “escuridão”. Dois jovens cristãos YaliKekwara e Bengwok, desceram ao vale para anunciar o Evangelho, mas foram atacados enquanto pregavam. Com a notícia das mortes dos dois jovens, Stan resolveu ir à aldeia, e também foi atacado sendo atingindo por cinco flechas, ferido, foi ajudado a voltar para o acampamento e depois foi socorrido e levado para um hospital missionário.

Dois meses depois, Stan voltou a trabalhar entre os Yali, ele estava decidido que a obra de Deus deveria continuar. Por causa do ocorrido, o povo dizia: “uma ou duas flechas matariam um homem comum, então esse homem deve ser um deus”. Era como a história dos “tal de Jesus”, que também havia ressuscitado.

OS PRIMEIROS FRUTOS

 

Dessa forma, Stan foi capaz de alcançar uma tribo com as Boas Novas de Jesus Cristo exigindo que eles abolissem totalmente suas formas animistas de seguir Jesus – sem misturas e combinações. Algumas pessoas das associações missionárias criticaram essa postura de Stanley Dale e acharam que ele era muito exigente para continuar servindo no campo missionário.

Contudo, depois disso, houve um avivamento e não só aquela tribo começou a seguir Jesus de todo o coração, várias outras tribos vizinhas seguiram o mesmo caminho. Stan fortaleceu a Igreja no vale superior de Heluk e os novos convertidos nativos espalharam o evangelho na região leste do vale, sendo calorosamente recebidos por muitos nativos. Mas, na região oeste e no vale inferior, os líderes tribais, especialmente os feiticeiros, ameaçaram Stan, jurando nunca desistir de seu modo de vida e que matariam o homem que tentasse “pervertê-los”.

VIDAS COMO SEMENTES

“Como ele pode ficar ali tanto tempo? Por que ele não cai? Qualquer um de nós já teria caído! Talvez ele seja imortal!”

Após dois anos, o peso das almas a serem salvas no vale inferior, levou Stanley Dale a tentar mais uma vez alcança-los. Na quarta-feira, dia 18 de setembro de 1968, Stan, acompanhado de seu amigo Phil Masters, missionário americano com quem havia acabado de começar a trabalhar, e mais quatro ajudantes tribais, começaram a jornada rumo ao Vale Seng. Eles foram recebidos por guerreiros armados quando chegaram na primeira aldeia. A crise imediata foi contornada e haviam decidido retornar dali no dia seguinte.

Mas, as demais aldeias já haviam sido alertadas da presença deles e seus guerreiros haviam combinado que aqueles portadores da “religião estranha” deveriam morrer. Quando Stanley Dale e Phil Masters e a equipe de ajudantes tribais deixaram a aldeia, foram seguidos pelos guerreiros. Em dado momento, Stan parou, os encarou e levantou seu cajado, não com ameaça ou raiva, mas na intenção de os impedirem a continuar os seguindo, como que pedindo para que os deixassem partir em paz.

Naquele momento, um sacerdote Kembu (religião tribal) chamado Bereway, veio sorrateiramente por detrás de Stan e o atingiu com uma flecha, como que a “queima-roupa”, bem abaixo de seu braço erguido, enquanto outro sacerdote tribal, Bunu, lançou uma haste com lâmina de bambu nas costas de Stan. E assim outros guerreiros começaram a atirar suas flechas atingindo Stan de várias posições, enquanto ele, Stan, as arrancava de seu corpo, as quebrava e jogava sob os seus pés.

Quando Nalimo, chefe da tribo, chegou ao local cerca de 30 flechas já havia atingido o corpo de Stan. Diante da cena, Nalimo assustado disse: “Como ele pode ficar ali tanto tempo? Por que ele não cai? Qualquer um de nós já teria caído! Talvez ele seja imortal!” O rosto de Nalimo derreteu com uma emoção repentina, a flecha do temor o acerto em cheio!

(Phil Masters e sua família)

O ataque começou com hilaridade, mas passou ao desespero. Enquanto os guerreiros atiravam as flechas contra Stanley Dale, passaram a gritar: “Fall! Fall!” (Morre! Morre!). Entraram em pânico porque Stan não caía, sendo seus gritos como um apelo de: “Por favor, morra!” Quem sabe não pensassem agora que estavam cometendo um erro, um crime monstruoso contra o mundo sobrenatural o qual pretendiam defender.

Neste momento Yemu, um dos ajudantes tribais da equipe de Stan, correu para onde Phil Masters estava sozinho. Juntos assistiam angustiados o martírio de Stan, momento em que cerca de 50 ou mais guerreiros se deslocaram do grupo de ataque a Stan em direção a eles. Phil empurrou Yemu para atrás de si e, sem usar palavras, o mandou correr. Phil nem percebeu a horda de guerreiro que o cercava, pois, seus olhos permaneceram fixos em Stan Dale, que correspondeu ao olhar como que dizendo: “fique firme!”

Yemu não ouviu Phil Masters dizer nada contra os guerreiros, enquanto eles apontavam suas flechas para ele. Phil também não esboçou nenhuma reação de fuga ou de luta, seguindo o exemplo de Stan, enfrentou a morte de frente. Mais uma vez foi Bereway quem disparou a primeira flecha e, como contra Stan, os demais guerreiros passaram a atirar várias flechas a fim de derrubar Phil Masters.

Os ajudantes da equipe de Stan, Yemu e os outros três nativos, ficaram no local o tempo suficiente para perceberem que Stan e Phil não sobreviveriam. Eles se viraram e correram para salvar suas vidas. Enquanto corria um pensamento veio a mente de Yemu: “se eles nos matarem, não sobrará ninguém para contar as viúvas o que aconteceu e onde caíram!” Com esse sentimento, Yemu conseguiu voltar para contar a história do martírio de Stan e Phil.

 

UM NOVO SINAL

 

Quando a família de missionários Newman foi em busca deles, três meses depois do fato ocorrido, o avião que ocupavam caiu tragicamente no Vale Seng matando todos a bordo, exceto o filho mais novo, Paul Newman, que conseguiu escapar dos destroços em chamas e encontrar abrigo na cabana de um homem Yali, que não havia concordado com o assassinato dos missionários.

Quando o povo Yali descobriu que Paul havia sobrevivido, eles interpretaram isso como um sinal e convidaram os missionários para viverem em sua aldeia em Holuwan. Cinco anos depois, 35 novos cristãos foram batizados e uma igreja nasceu entre o povo Yali.

Foi essa impressionante história sacrificial dos missionários pioneiros Stanley Dale e Phil Masters, martirizados por uma tribo Yali, que abriu as portas para o alcance desse povo. Após o martírio dos pioneiros, e a queda do avião da família de missionários Newman, o povo Yali, passou a se perguntar: “Quem são esses duongs (homens brancos) que estão dispostos não apenas a viverem entre nós, mas também a morrerem pelo seu Deus entre nós?”

Essa indagação do Povo Yali, na Papua Nova Guiné, é uma boa aplicação do versículo de João 15:13, onde Jesus, falando de seu próprio sacrifício que aconteceria no Calvário, afirmou: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).

Demorou um pouco para o Evangelho alcançar o povo Yali, mas seu impacto é impressionante. A teimosia de Stanley Dale foi usada por Deus para torná-lo capaz de desbravar territórios não alcançados por causa do Evangelho. Outro casal de missionários conseguiu fazer incursões na década de 1990.

 

OS FRUTOS DOS MÁRTIRES

“Agora, em vez de esperar pela guerra, a igreja Yali tem esperado por mais Bíblias em seu idioma.”

Desde o martírio dos missionários Stanley Dale e Phil Masters, que alcançaram o povo Yali, discipulando os primeiros convertidos, entre os quais os dois cristãos Yalis, Kekwara e Bengwok, também martirizados, outros mais foram se somando às centenas de outros novos irmãos e irmãs em Cristo das tribos vizinhas. Desta forma nasceu ali uma Igreja Yali  forte que, em maio de 2011, completou 50 anos de uma vida servindo o Chefe de todas as tribos, o verdadeiro Senhor da Terra, Jesus Cristo, o Salvador!

(Avião da MAF chegando com as bíblias)
(Povo Yali recebendo bíblias em agosto de 2020)

Durante o último mês de agosto (2020), a MAF (Mission Aviation Fellowship) fez vários voos transportando Bíblias para o povo Yali. Eles receberam a primeira remessa com tradução em seu dialeto em 2000. Agora, depois de 20 anos, uma remota tribo de Papua Nova Guiné, recebeu 2.500 Bíblias 55 anos depois que dois missionários pioneiros Stanley Dale e Phil Masters terem sido martirizados quando tentavam alcançá-los com o Evangelho.

A MAF continua servindo o povo de Papua Nova Guiné, voando com oito aeronaves para 160 locais remotos e apoiando igrejas rurais, bem como projetos locais de tradução da Bíblia. A remessa de agosto levou 1.160 Bíblias e 1.400 livros com histórias infantis da Bíblia traduzidas para a língua Yali. Os exemplares foram distribuídos para as aldeias de Dekai, Oakbisik e Holuwan.

Linda Ringenberg, cujo marido, Dave, é copiloto da aeronave Cessna 208B, que carregou as Bíblias disse que quando os pilotos da MAF perguntaram aos Yali se poderiam retirar uma Bíblia e abri-la para uma foto em Holuwan, os moradores escolheram o Salmo 119:105:

A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho”.

Linda continuou: “agora, em vez de esperar pela guerra, a igreja Yali tem esperado por mais Bíblias em seu idioma. Porque Deus, em Seu amor que tudo alcança, trabalhou através de um assassinato, um acidente de avião, missionários fiéis, tradutores e organizações como a MAF, para que as tribos Yali não andassem mais no caminho das trevas. Seu caminho agora é iluminado pela Palavra de Deus”.

 

(Povo Yali recebendo bíblias em agosto de 2020)

O AMOR QUE INVESTE

“Por causa de seu profundo amor por Jesus, Stan e Phil tinham um desejo de torná-lo conhecido de todas as pessoas.”

O que capacitou homens como Stan Dale, Phil Masters e os dois cristãos Yali, Kekwara e Bengwok, a não só arriscarem como perderem suas vidas tentando levar o evangelho a um povo violento e hostil? Como tantos outros foram e são capazes de passar suas vidas em tarefas semelhantes, abandonando o conforto de suas casas para ir e viver em lugares totalmente diferente de sua cultura, entre povos muitas vezes hostis a estrangeiros?

O livro “Lords of the Earth” (Senhores da Terra), de Don Richardson, fala da vida dos missionários Stanley Dale e Phil Masters que alcançaram o Povo Yali, sendo um clássico das missões transculturais. Nesse livro você encontra o incrível relato da história desses missionários, especialmente de Stanley Dale, cuja vida foi marcada por um grande desafio: levar o evangelho aos Yalis, selvagens guerreiros canibais da Nova Guiné.

Uma das últimas comunicações recebidas pelo escritório central de Stanley Dale trazia o seguinte comentário e pedido que são significativos:

Tenho um peso por esses lugares onde o caminho é difícil. Por favor, continue orando pelo povo do Holuk para que eles possam se libertar de suas feitiçarias e se declarar totalmente rendidos ao Senhor. Por favor, continuem a se lembrar de nós em oração, pois ainda carregamos alguns fardos pesados ​​que não são encargos de trabalho.

Por causa de seu profundo amor por Jesus, Stan e Phil tinham um desejo de torná-lo conhecido de todas as pessoas – especialmente aqueles Yalis que viviam em escuridão espiritual no Vale Seng.

Os mártires missionários Stanley Dale e Phil Masters não puderam ver o resultado de sua última resistência, mas nós podemos. Precisamos lembrar disso ao semear sementes que não têm um resultado imediato e visível.

Abaixo você tem um pequeno vídeo (em inglês) onde a esposa de Phil Masters e a filha de Stanley Dale contam um pouco sobre a história de como o compromisso, a obediência e o amor a Jesus desses dois homens comuns transformaram a história de todo um povo, mudando definitivamente o destino deles para a eternidade.

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CIFEM – I / 2021

CURSO INTEGRAL DE FORMAÇÃO EM MISSÕES - I / 2021

Data final de inscrição: 25/06/2021

Início do Treinamento: 05/07/2021

 

O Curso Integral de Formação em Missões (CIFEM), é um treinamento de médio prazo, executados em QUATRO FASES distintas, com módulos/currículos próprios em cada fase e que envolvem as modalidades digital (online), presencial, imersão transcultural e estágio supervisionado não remunerado.

 

Características prinicpais do CIFEM:

  • Treinamento de médio prazo desenvolvido em Quatro Fases distintas;
  • Professores capacitados e com vários anos de experiência em missões transculturais;
  • Possibilidade de Imersão Transcultural e Estágio (não remunerado) ao final das Fases I e II do treinamento no Reino Unido, França, ParaguaiBrasil e outros países nos continentes africano e asiático.

 


 

(Para conhecimento: todos os treinamentos, cursos e oficinas  da WH Brasil são “Cursos Livres” amparados pelo Art. 42 da Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB).

 

ATENÇÃO!

Todos os nossos treinamentos  (semipresencial ou presencial) atendem os protocolos de segurança e prevenção do Covid-19.

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Que os povos esperem nEle!

É natal! Que todos os povos esperem nEle!

 

 

“E, no seu nome, esperarão os gentios.”
(Mateus 12:21)

Foi o profeta Isaías quem mais mensagens messiânicas revelou ao seu povo. Ele declarou que as trevas do mundo seriam vencidas com a luz de Israel. 

O natal é uma mensagem missionária!

Mas, na realidade, ele disse isso não da nação em si, mas sim do primeiro advento de Cristo e de seu futuro retorno como Rei e Juiz. Pois ELE sim, é quem seria a Luz a despontar dos judeus para os povos e nações do mundo (Is 2:3-4; 11:9-10; 52:13-15; 61:11; 66:18-20; Lc 2:29-32).

E até o retorno do Rei e Justo Juiz, é sua Igreja que deve ser a luz, isto é, o refletor de Sua gloriosa perfeição e amor, e o canal para a Sua verdade alcançar os gentios.

E o Evangelho do Novo Testamento é quem tem a poderosa atração para os gentios, como jamais o proto evangelho do Antigo Testamento teve. Isaías descreveu os gentios convertidos como multidões entrando no Reino e apresentando todas as suas posses e talentos como ofertas de ação de graça ao Senhor (Is 60:3-9; Mt 12:21; Rm 15:9-12; Gl 3:8-9,14).

As Escrituras nos dão um quadro da glória e paz de Sião do Milênio, quando os crentes gentios darão as mãos aos crentes judeus para estabelecerem a nova teocracia na gloriosa Jerusalém sob o governo do Rei Eterno (Ap 7:9-10).

Que até lá possamos celebrar o natal como a “boa notícia” para todos os povos! (Lc 2:31).

Então, que “todas as nações, tribos, povos e línguas“, famílias e amigos tenham um Feliz natal!

São os sinceros votos e oração,

Da Diretoria e membros da
World Horizons Brasil

 

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Enviados a evangelizar

Enviados a evangelizar

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (João 20:21).

Para mudar uma cultura, precisamos conhecê-la.

Alguma vez você já se perguntou por que o cristianismo floresce em alguns países e, em seguida, luta para crescer em outros? Talvez seja porque cada cultura seja diferente. Desde o momento em que a mensagem foi primeiramente pregada no livro de Atos, o desafio para os cristãos tem sido o de comunicar o Evangelho de uma maneira que as pessoas possam entender. Hoje, nada mudou e assumimos a incrível tarefa de explicar as verdades eternas de formas que se expostas na cultura do nosso tempo.

Em Atos 17:16-34, vemos o apóstolo Paulo adaptando a mensagem de Jesus ao grupo de pessoas com quem ele estava falando. Ele usou ideias e referências que eles conheciam, e então até usou suas próprias crenças para apontar para Deus! O impacto ao falar de Jesus em nossa escola, em nossa casa, no bairro, no local de trabalho ou na igreja está diretamente ligado ao nosso conhecimento daqueles que nos rodeiam e à nossa capacidade de nos envolver com eles.

Para entender melhor a cultura ocidental, a YesHEis recentemente encomendou uma agência para pesquisar e relatar os comportamentos e atitudes do Milênio (Geração Y) em relação à fé e ao cristianismo. Embora a pesquisa tenha sido realizada na Austrália, é indicativo de muitas outras culturas também. Os resultados mostraram que os jovens mais tradicionais são relativamente críticos da religião na sociedade, 55% dizem que a religião tem um impacto negativo na sociedade. Em contraste, muitos são mais propensos a ser positivo sobre a espiritualidade do que a religião (dois em cada três, 64%) indicando que a espiritualidade tem um impacto positivo na sociedade.

À medida que fazemos um esforço para compreender nossa cultura e as pessoas que Deus colocou ao nosso redor, vamos encontrar maneiras melhores de nos envolver e responder às fortes percepções negativas que muitos têm contra a religião e ao cristianismo.

 


Como respondemos quando as pessoas nos perguntam sobre Jesus?

 

…; e, no caminho, perguntou-lhes: Quem dizem os homens que sou eu? Então, lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou?(Marcos 8:27,29).

Qual seria a primeira coisa que você diria a um amigo se eles viessem a você perguntando sobre Jesus? Você diria que Jesus é um amigo? Uma figura histórica? Um líder religioso? Talvez você lhes dê uma lição na Bíblia. É uma questão importante saber como responder, e talvez algo que você poderia praticar por 30 segundos agora mesmo antes de continuar essa leitura. Vá em frente, experimente.

Em Atos 1:8, vemos que os seguidores de Jesus são chamados a ser testemunhas! Em foco, o evangelismo não é sobre dar a alguém uma lição de leis espirituais, ou uma explicação teológica. É apresentá-lo a uma pessoa, alguém que eles podem conhecer, alguém que vai mudar suas vidas para sempre.

Quando Deus queria se conectar com a humanidade de uma vez por todas, Ele não nos escreveu um sermão, Ele veio nos visitar pessoalmente (Jo 1:14, 3:16; Gl 4:4; Hb 1:1-3). Nosso trabalho é ser Suas testemunhas, ajudando todos ao nosso redor a conhecer a Deus, a relacionar-se com Ele e a ter suas vidas mudadas pelo poder de Seu amor e perdão. Lembre-se, Deus é uma pessoa a conhecer, não uma teoria para se entender (Os 6:3Jo 17:3; Lc 24:44-50; At 1:7-8).

 


O “tom” certo a ser usado ao falar de Jesus.

 

, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor,” (1 Pedro 3:15-16).

Falar com nossos amigos ou família sobre a fé pode ser um desafio. Muitas vezes, a conversa pode se transformar em uma discussão e as pessoas podem rapidamente ficar chateadas ou ofendidas. Há muitos anos, um pesquisador social australiano escreveu que se atacarmos diretamente a visão de mundo de outra pessoa, é mais provável que reforcemos sua posição do que fazê-lo mudar de ideia.

Você entendeu isso? Basicamente … atacar as crenças de alguém torna mais provável criar uma distância do que convencê-los a mudar!

Então, o que isso significa para nós? Isso significa que o tom importa, e nossas conversas são importantes. Muitas vezes podemos acreditar que ganhar uma discussão vai mudar uma pessoa, ou vai finalmente convencê-los a aceitar Jesus. O apóstolo Pedro escrevendo aos cristãos de forma geral, nos ensina que ao dar uma resposta sobre nossa fé, precisamos fazê-lo com mansidão e respeito, e que a chave para responder bem é manter a amizade, e não desviar as pessoas com duras respostas e desrespeito (1 Pe 3:15-17).

Mesmo diante da agressão, nosso trabalho é permanecer como representantes humildes e amorosos de Jesus Cristo, sabendo que muitas vezes não é nosso intelecto que atrai as pessoas para Ele, mas nossa atitude. O apóstolo Pedro nos dá o exemplo em passagens como Atos 2:14-41; 4:8-21. De certa forma, o apóstolo Paulo recomendou aos cristãos de Colossos e a Timóteo que agissem da mesma forma (Cl 4:5-6; 2 Tm 2:24-26).

 


 

Dica para um evangelismo exitoso.

 

Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer.” (Colossenses 4:3-4).

 

Aprender a ouvir a voz de Deus é a chave para ver o fruto no evangelismo, mas nem sempre é fácil. Talvez você ache difícil ouvir a voz de Deus. Talvez você não tenha certeza se é realmente Deus que está falando!

Em Lucas 12:11-12, o Senhor Jesus afirma que, quando necessário, especialmente em momentos difíceis, Deus, através do Espírito Santo, sempre fornecerá as palavras certas para nós no tempo certo. Algo realmente importante a lembrar é que Deus está trabalhando em nossas conversas também! Se pedirmos, ELE mesmo nos dará a Palavra certa e com sabedoria (Ef 6:19; Cl 4:3-4; Tg 1:5).

Muitas vezes caímos na armadilha de acreditar que estamos sozinhos no processo de evangelismo, como se nós tivéssemos que fazer todo o trabalho por nós mesmos (Lc 21:14-15; Jo 20:21-22; Mt 28:19-20).

Mas, a verdade é que Deus quer que a pessoa com quem estamos compartilhando seja salva tanto quanto nós! Ele tem um plano para sua vida, e naquele momento, nosso trabalho é simplesmente fazer parte de Seu plano, juntar-se à Deus em Sua obra e ver as pessoas conhecerem o poder salvador de Jesus. Ele sabe todos os detalhes sobre essa pessoa, todos os seus problemas, medos e desafios futuros (Jo 4:34-42At 8:26-38).

Quando permitimos que Deus guie a conversa, o alerta pode vir como uma informação sobre a pessoa, ou pode ser tão simples quanto uma pergunta certa para se fazer no momento certo. Devemos estar dispostos a fazer uma pausa e pedir à Deus que nos guie em cada momento. Nunca saberemos de fato que oportunidades teremos para compartilhar dEle, portanto, devemos pedí-Lo para nos dar o que dizer em cada momento que tivermos para compartilhar, testemunhando, de Sua Pessoa (Êx 4:11-12Lc 12:12).

 


 

Aproveite as oportunidades de evangelismo.

 

Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades.” (Colossenses 4:5).

Há uma infinidade de razões pelas quais não falamos de Jesus com nossos amigos. Podemos ter medo de ser rejeitado, medo de arruinar nossas amizades, ou medo de que não tenhamos respostas suficientes para eles. Talvez tenhamos até mesmo tentado “evangelizar” uma ou duas vezes no passado, mas descobrimos que era muito difícil ou desajeitado, então nós já desistimos.

Quando nos encontramos em “oportunidades de evangelismo” como estas, às vezes é bom olhar para a nossa motivação para compartilhar, em primeiro lugar. O Arcebispo Anglicano inglês Justin Webly disse recentemente:

Um compromisso com a evangelização … vem do amor, não por medo. Ela vem de obediência à Cristo, não por uma preocupação com as últimas impressões da frequência à igreja “.

Compartilhar nossa fé nunca deveria ser esse fardo que fazemos por medo ou obrigação. Em vez disso, Jesus quer que compartilhemos do nosso amor por Ele e nossa compaixão pelos outros (Jo 15:14-17Mt 28:19-20).

Quando permitimos que o amor de Deus cresça dentro de nós, morremos para nosso velho homem e recebemos nova vida, e Ele fluirá automaticamente para todos que nos rodeiam também! Da próxima vez que você se encontrar em uma “oportunidade de evangelismo“, concentre-se em amar a pessoa a quem o Espírito de Deus está levando você a compartilhar sua história (Cl 4:52 Tm 1:81 Pe 2:9-10).

 


 

É Ele quem faz a semente crescer.

 

Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.” (Marcos 4:26-27).

 

Nós nunca saberemos, de fato, o que Deus já está fazendo na vida das pessoas ao nosso redor. Então, talvez seja necessário “zerar” sempre nossas mentes sobre o nosso modo de evangelismo para estarmos disponíveis para que Ele nos use sempre que Ele precisar de nós, da forma que Ele achar melhor.

Sendo assim, ao chegamos ao final deste texto e considerando o incrível chamado de testemunhar falando de Jesus com aqueles que nos rodeiam, comece a se perguntar “quais são as razões pelas quais eu devo falar de Jesus?” E você verá que o amor de Jesus se moverá dentro de você, fazendo você superar completamente seus medos e obstáculos ao falar dEle ao próximo (2 Co 5:14-21).

Não fique ansioso de “ver logo” o resultado. Lembre-se sempre que é Ele quem faz a “semente germinar e crescer”, e o Seu Espírito é quem convence o “mundo” da verdade! (Mc 4:26-27; 1 Co 3:6-7; Jo 16:7-8).

 


 

Adaptado para o site por Anderson Fazzion
WH Brasil


(O texto acima é adaptação da meditação publicada pela YouVersion, denominado “Compartilhar Jesus”, com base em material da yesHeis. Os versículos citados nos parágrafos, tirando os constantes na meditação original, são acréscimos de nossa edição/adaptação.)

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A que nos comissionou Jesus?

A que nos comissionou Jesus?

“Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.” (Lc 12:42-43).

Pregação, testemunho e fazer discípulos.

Não há nenhuma dúvida de que a maioria das versões da “Grande Comissão” coloca a ênfase sobre a evangelização: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). O “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os…” é a forma apresentada por Mateus (Mt 28:19-20), enquanto Lucas traz no fim de seu evangelho a palavra de Cristo de “que o arrependimento e o perdão de pecados devem ser pregados em seu nome para todas as nações” e no começo de Atos que seu povo recebesse poder para tornar-se testemunha até os confins da terra (Lc 24:47; At 1:8).

 

A ênfase cumulativa parece clara. Está colocada sobre a pregação, sobre o testemunho e sobre o fazer discípulos. Muitos deduzem a partir daí que a missão da igreja, de acordo com a especificação do Senhor ressurreto, é exclusivamente a missão de pregação, conversão e ensino. Mas, “a comissão” inclui mais do que “a tarefa” de ensinar aos convertidos “todas as coisas que Jesus havia anteriormente ordenado” (Mt 28:20), e que a “responsabilidade social” está entre as coisas que ele ordenou. A real comissão em si mesma deve ser entendida incluindo a responsabilidade evangelística, a menos que queiramos ser culpados de distorcer as palavras de Jesus.

 


Por que e como o Pai enviou o Filho?

 

Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.(Jo 20:21).

 

A forma crucial na qual a “Grande Comissão” foi entregue a nós (sendo a mais negligenciada porque é a mais difícil) é a Joanina. Jesus havia antecipado esse fato em sua oração no cenáculo, quando disse ao Pai: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo” (Jo 17:18). Provavelmente no mesmo cenáculo, mas depois de sua morte e ressurreição, Ele transformou “sua oração” declarativa numa comissão e disse: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20:21).

Nessas duas sentenças, Jesus fez mais que delinear um vago paralelo entre a Sua missão e a nossa. Deliberadamente e precisamente Ele fez de sua missão o modelo da nossa, dizendo: “como o Pai me enviou, assim Eu vos envio”. Portanto, nosso entendimento da “missão da igreja” deve ser deduzido de nosso entendimento da “missão do Filho”. Por que e como o Pai enviou o Filho?

Logicamente, o propósito principal da vinda do Filho ao mundo foi único. Talvez seja parcialmente por esta razão que os cristãos têm hesitado em pensar a sua missão em qualquer sentido comparável à dEle. Pois o Pai enviou o Filho para ser o Salvador do Mundo e, no fim, para fazer a expiação de nossos pecados e para nos trazer a vida eterna (Jo 3:14-18; 1 Jo 4:9,10,14). De fato, ele mesmo disse que tinha vindo “para buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10). Não podemos copiá-lo nessas coisas. Não somos salvadores.

 


Servindo em atos e palavras.

 

“Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.(Isaías 52:13).

 

Apesar desses fatos, tudo isso ainda é uma declaração inadequada do porquê Ele veio. É melhor começar com algo mais geral e dizer que “ele veio para servir”. Seus contemporâneos tinham familiaridade com a visão apocalíptica do Filho do Homem recebendo domínio e sendo servido por todos os povos (Dn 7:14). Mas Jesus sabia que tinha que servir antes que fosse servido, e suportar sofrimento antes de receber o domínio (Jo 12:23-28; Ef 1:20-23).

 

Assim, ele fundiu duas imagens do Velho Testamento aparentemente incompatíveis: o “Filho do Homem de Daniel” (Dn 7:13) e o “Servo Sofredor” de Isaías (Is 52:13-53:12). Jesus declarou: “o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate de muitos” (Mc 10:45). A oferta de resgate pelo pecado foi um sacrifício que somente Ele poderia oferecer, mas isso constituiu o clímax de uma vida de serviço, a qual nós também podemos ter. Ele, deu-se a si mesmo pelos outros em serviço altruísta, e tal serviço abrangeu uma ampla variedade de formas, de acordo com as necessidades dos homens. Certamente, ele pregou, proclamando as boas-novas do Reino de Deus e ensinando a chegada e a natureza do Reino, como entrar nele e como ele se expandiria.

 

Mas, Ele disse em certa ocasião “…, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lc 22:27). E Ele serviu tanto em atos quanto em palavra, a tal ponto que seria impossível separar obras e palavras no ministério de Jesus. Ele alimentou bocas famintas e lavou pés imundos, curou o doente, confortou o aflito e até mesmo restaurou o morto à vida. Agora, nos envia, diz Ele, como “o Pai o tinha enviado” (Jo 20:21). Portanto, nossa missão, como a dEle, deve ser uma: “a de servir”. Ele esvaziou-se a si mesmo de sua condição e “assumiu a forma de servo”, e sua atitude humilde deve estar presente em nós (Jo 13:12-16; Fp 2:5-8).

 


Jesus é o modelo da missão do servo.

 

“Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;…” (Marcos 10:43).

 

Ele nos providenciou o modelo perfeito de serviço e envia sua Igreja para o mundo, para ser uma Igreja que serve. Não é essencial para nós restabelecer essa ênfase bíblica? Em muitas de nossas atitudes e iniciativas cristãs temos tido a tendência de sermos chefes em vez de servos. Contudo, parece que é em nosso papel de servos que podemos encontrar a verdadeira síntese da evangelização e da ação social. Pois ambos devem ser para nós, como indubitavelmente foram para Cristo, autênticas expressões do amor que serve.

 

Então, há um outro aspecto da missão do Filho que deve ser colocado em paralelo com a missão da igreja, especificamente que, a fim de servir, ele foi enviado para o mundo. Ele não apenas desceu como um visitante de um espaço exterior, ou chegou como um alienígena trazendo sua cultura alienígena consigo. Ele assumiu nossa humanidade, nossa carne e sangue, nossa cultura. Ele realmente tornou-se um de nós e experimentou nossa fraqueza, nosso sofrimento e nossas tentações. Ele chegou a suportar “nosso pecado” e morrer a morte destinada a nós (Is 53; Hb 2:17-18, 4:15).

 

E agora envia-nos “para o mundo”, para que nos identifiquemos com outros, da mesma maneira com que se identificou conosco (sem perder, contudo, nossa identidade cristã), para tomarmo-nos vulneráveis do mesmo modo que Ele se tomou. Certamente, essa é uma das falhas mais características nossas, como cristãos, incluindo nós que somos chamados “cristãos evangélicos”, que raramente parecemos levar a sério esse princípio da Encarnação. Como declara o relatório da Cidade do México, de 1963: “da mesma maneira que nosso Senhor assumiu nossa carne, assim ele chama sua Igreja a assumir o mundo secular. Isso é fácil de se dizer e sacrificial de se fazer” (Witness in Six Continents – Testemunho em Seis Continentes, p. 151).

 

Para nós, é mais natural “gritarmos o evangelho” para as pessoas de uma longa distância do que nos “envolvermos” profundamente em suas vidas, do que nos imaginarmos dentro da cultura delas e de seus problemas e sentirmos solidariamente suas dores. Contudo, não se pode escapar dessa implicação do exemplo de nosso Senhor. Como o Pacto de Lausanne declarou: “afirmamos que Cristo envia seu povo redimido para o mundo, assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial” (§ 6).

 

Foi o próprio Senhor Jesus quem afirmou:

 

Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mt 20:26-28).

 

Então, que quando Ele vier, nos encontre assim, o imitando, seguindo seu exemplo no que diz respeito ao serviço em nossa missão no mundo (Lc 12:42-43; Jo 13:13-17).

 


O texto acima é adaptação do livro de John Stott:
A missão cristã no mundo moderno”;
Editora Ultimato – págs.: 26-28.

 

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Reentrada missionária e a Igreja

A reentrada missionária e sua relação com a igreja enviadora

 

Após 30 anos servindo no norte da África, um exemplo de retorno do campo a ser seguido.

 

“…, e não somente com a sua chegada, mas também pelo conforto que recebeu de vós, referindo-nos a vossa saudade, o vosso pranto, o vosso zelo por mim, aumentando, assim, meu regozijo.”
(2 Coríntios 7:7)

“Impulsionados pelo desejo de servir entre povos não alcançados e com o apoio de um grupo de igrejas brasileiras, voamos para a Espanha, e dali fomos para o norte da África.”

 

Muito se discute sobre o retorno precoce do campo (antes de três anos) e suas causas: falta de um preparo adequado ou de acompanhamento, rupturas na relação com a agência missionária ou igreja(s) enviadora(s) e assim por diante.

O relato a seguir é o de um bom exemplo a ser seguido, principalmente no que se refere à relação da(s) igreja(s) enviadora(s) com a família missionária. Após 30 anos no exterior servindo em ministérios transculturais, BS e a esposa BI (os nomes deles foram omitidos por precaução pelo contexto sensível da região em que viveram) estão de volta à terra natal, o Brasil, e contam, não sem emoção, como foi deixar o norte da África.

“Que alegria desfrutarmos novamente do convívio da família, estarmos perto (fisicamente) de nossa comunidade de fé, vivermos em nosso país “de nascimento”. Antes de relatar nossa experiência positiva de retorno do campo, vale relembrar de forma breve o contexto de nossa saída do Brasil, em 1988. Foi um momento importante para o despertamento missionário brasileiro. Igrejas no País todo organizavam conferências missionárias, havia diversos movimentos de intercessão pelos povos não alcançados, e os cristãos brasileiros eram desafiados a ir a esses povos (e muitos, como nós, disseram: “Vou!”). Em 1987, houve o histórico I Congresso Missionário Ibero-americano (COMIBAM/87), em São Paulo, evento catalizador desse despertar.

Impulsionados pelo desejo de servir entre povos não alcançados e com o apoio de um grupo de igrejas brasileiras, voamos para a Espanha, e dali fomos para o norte da África aprender o árabe e conviver em uma sociedade islâmica moderada. Nosso objetivo era espalhar, de forma respeitosa e contextualizada, a mensagem do evangelho: Jesus, o Messias.

“Nossas igrejas enviadoras mantiveram contato constante conosco, e nos apoiaram em toda nossa jornada.”

Foram, então, cerca de 30 anos no norte da África (com uma passagem pelo Oriente Médio), onde nos esforçamos para espelhar o evangelho em palavras e ações. Experimentamos a alegria de ver pessoas indo a Jesus e participar de seu discipulado. Vivemos a dureza de fazer parte da minoria cristã diante de uma maioria tolerante e, paradoxalmente, opressora. Acompanhamos irmãos e irmãs que eram perseguidos pelas autoridades e famílias por causa da fé em Jesus. Por muitos anos, apoiamos irmãos que viviam em pequenas cidades, levando comunhão e amizade em meio ao seu isolamento.

Durante essas décadas, viemos regularmente ao Brasil. Nossas igrejas enviadoras mantiveram contato constante conosco, e nos apoiaram em toda nossa jornada. A cada vinda, sentíamos o carinho das igrejas e de irmãos e irmãs individualmente que, de muitas formas práticas, nos animavam a seguir. Muitas vezes, percebíamos que nossos irmãos não entendiam nossa realidade. Isso era normal, pois a realidade de se viver no norte da África muçulmano era muito diferente da brasileira. Mas isso foi paliado porque nossas igrejas se esforçaram para conhecer mais nosso dia-a-dia, visitando nossas casas “norte africanas” em duas ocasiões.

Em 2018, começamos a pensar em voltar ao Brasil. A maioria dos missionários que partem têm alguma ideia do tempo que pretendem permanecer no campo, têm um alvo. Hoje, os projetos, em geral, contemplam prazos mais curtos. Nós saímos na época das missões pioneiras, e partimos para ficar bastante tempo mesmo. Não tínhamos ideia de que seriam 30 anos, mas estávamos abertos a isso. No início, dizíamos às pessoas que ficaríamos por volta de 10 anos. Mas há muitos fatores envolvidos nisso: sustento, visto, a igreja local ou a missão pedindo pra retornar, saúde, guerras…

“Participamos de um curso on-line, o “What´s Your Pathway”, que nos auxiliou a processar todos as mudanças que estavam acontecendo, com dicas práticas para a transição.”

Bem, estávamos no campo há 30 anos, e veio uma inquietação – almejávamos algo novo em termos de ministério. Além disso, nossos pais já estavam mais velhos, e queríamos participar do cuidado deles nessa fase. Some-se a isso o desejo de estar mais perto de nossa igreja local, pois, por muito tempo, moramos em lugares em que não havia sequer uma igreja estabelecida. Conversamos, então, com os pastores do grupo de igrejas que nos apoiam desde que saímos do Brasil, e, aos poucos, fomos planejando nosso retorno. Paulatinamente, transferimos nossas reponsabilidades na ONG com a qual estávamos envolvidos, conversamos com parceiros locais, de forma que a nossa saída não prejudicasse o trabalho da equipe que ficou.

Iniciamos, em seguida, a parte mais difícil: a despedida dos nossos companheiros na ONG e de amigos e irmãos locais e estrangeiros em várias cidades. Voltar ao Brasil nos dava alegria – retornaríamos para o convívio de pessoas amadas –, mas dizer adeus a lugares e a pessoas que fizeram parte de nossa vida por tantos anos (e sem termos a certeza de que voltaríamos a nos encontrar!) foi duríssimo. Claro que continuamos a sustentar vínculos e hoje, com as facilidades tecnológicas, é possível manter contado sem problemas. Muitos missionários voltam em viagens de curto prazo para visitar líderes que deixaram no campo, encorajar o trabalho que continua, isso é saudável e interessante. Agora, não se pode viver em um lugar com a cabeça em outro, é necessário um equilíbrio. Já que voltou, tem de viver a realidade de onde se está.

Antes de partir, fizemos um curso de transição para quem está deixando o campo. Caminhamos pela cidade, despedindo-nos de lugares que fizeram parte da nossa rotina por anos: lugares públicos, associações parceiras, ruas, escadarias, cafés onde encontrei amigos e irmãos inúmeras vezes para conversar sobre a vida e sobre temas espirituais. Olhando as montanhas ao redor, pudemos dizer adeus ao norte da África do qual já fazíamos parte. Minha esposa fez um diário, registrando a experiência da preparação da partida, os sentimentos, dores e expectativas.

Visitamos outras cidades, e pessoas de regiões mais distantes vieram se despedir. Visitamos irmãos que vivem isolados, sem comunhão, uma vez mais, como fizemos por várias vezes anteriormente, mas, dessa vez, para dizer adeus. Infelizmente, não pudemos encontrar todos, e de alguns precisamos nos despedir por telefone. Houve despedidas oficiais – como a da ONG, da equipe, da igreja local e as de parceiros locais – e informais – com amigos (alguns vieram especialmente para dizer adeus) e vizinhos. Tivemos, ainda, a alegria de sermos “enviados” pela igreja local de volta ao nosso país.

Participamos de um programa chamado “Plano de Vida e Ministério”, organizado pela nossa missão. Isso nos ajudou a traçar planos e metas concretos e realistas a médio prazo quando do regresso ao Brasil. Participamos de um curso on-line, o “What´s Your Pathway”, que nos auxiliou a processar todos as mudanças que estavam acontecendo, com dicas práticas para a transição: escrever o diário, sonhar ou imaginar o que está por vir, cuidar-se, rir, criar estruturas temporárias e dar a si mesmo tempo para experimentar.

Começamos “a mudança” em março de 2019, inventariando nossos documentos, papéis, livros, roupas e móveis. Separamos o que teríamos que deixar, doar ou vender e o que trazer para o Brasil. Desfizemo-nos dos nossos móveis, entregamos a casa alugada, preparamos as malas e, finalmente, chegou o dia de embarcarmos e voarmos para São Paulo. Voltamos com seis malas que levamos no avião e outras três grandes, cheias de livros, que despachamos como carga. Os nossos pertences estavam ali, a maioria itens que nos traziam memórias dos últimos 30 anos, os livros e algumas peças de roupa. Partimos com o coração cheio de gratidão pelo que Deus fez em nossas vidas.

“O mais valioso é o que eles representam: a provisão de Deus na forma de pessoas que pensam em nosso bem-estar. Nós nos sentimos realmente cuidados.”

Ao desembarcarmos no Brasil no dia 17 de julho de 2019, começou um período em que vimos como Deus cuidava de nós na nossa reentrada por meio de nossas igrejas enviadoras. Um casal querido e um grupo de irmãos e irmãs de São Paulo nos receberam e nos ajudaram a liberar as malas de livros no aeroporto.

O casal citado nos emprestou uma casa de campo para descansarmos alguns dias antes de viajarmos para a nossa casa no interior do estado. Ali, pudemos aliviar o estresse dos últimos meses de despedidas e preparação da viagem ao Brasil. Foram dias em que pudemos elaborar que tínhamos encerrado uma fase na nossa vida e começado outra.

Finalmente, viajamos ao interior com nosso pastor, que veio nos buscar com uma caminhonete alugada por ele especialmente para transportar a gente e a nossa bagagem.

Em 2018, em resposta à nossa oração, uma querida irmã nos indicou e negociou por nós o preço de um apartamento no interior de São Paulo. Outra querida amiga, nossa procuradora, comprou o imóvel para nós. Essas amigas trabalharam duro com irmãos e amigos de três igrejas e, ao chegarmos, encontramos maravilhosas surpresas: nosso apartamento mobiliado e equipado, e um grupo querido nos aguardando.

O corpo diaconal de nossa igreja organizou uma fantástica recepção de boas-vindas, com uma grande festa e mais presentes! Nossa igreja fez, ainda, um esforço além do normal, uma espécie de crowd funding (uma “vaquinha”), e nos comprou um carro. A Deus o louvor, e, às igrejas e irmãos, muita gratidão.

Isso tudo nos mostra como Deus cuida de nós. O serviço prestado a nós, bem as coisas materiais, são importantes, mas o mais valioso é o que eles representam: a provisão de Deus na forma de pessoas que pensam em nosso bem-estar. Nós nos sentimos realmente cuidados.

“O planejamento da transição tornou a despedida suportável. Doce, pois, continuamos a experimentar a fidelidade de Deus a cada dia nesta nova fase que começou.”

Agora, usamos nossa experiência transcultural em um projeto de nossa igreja para abençoar a nossa cidade: o apoio a imigrantes e refugiados aqui e na nossa região. O mesmo grupo de igrejas que nos sustentava no campo continua a nos sustentar aqui para realizarmos esse trabalho, que lida com refugiados especialmente da América Latina e Haiti. Mas muitos missionários, quando voltam do campo, precisam rever como obtém seu sustento, isso é caso a caso. Temos a oportunidade e a disciplina de, há vários anos, poupar para nossa aposentadoria, e estamos perto de obtê-la. Quanto à nossa atuação agora, podemos, ainda, ajudar irmãos e irmãs que estão se preparando para serem testemunhas de Cristo em um contexto transcultural. Este próprio texto é um pequeno exemplo disso. A experiência acumulada pode ser útil se quiser ser aproveitada.

Algumas lições que aprendemos: deixar o norte da África foi uma experiência doce-amarga. Amarga porque partir é difícil, parte da nossa vida ficou para trás. Mas o planejamento da transição tornou a despedida suportável. Doce, pois, continuamos a experimentar a fidelidade de Deus a cada dia nesta nova fase que começou.

Uma vez mais, vemos como a relação com as igrejas enviadoras é importante. O trabalho transcultural é de Deus, mas é feito por meio da parceria igrejas-obreiros. Por isso, é preciso cuidar dessa relação de forma intencional para que seja frutífera.

E, uma vez mais, aprendemos a lição: Deus é fiel.

A ele toda a glória.

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Implicações práticas de João 20:21

Implicações práticas de João 20:21

“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.”
(João 20:21)

Jesus Cristo chama a todos os seus discípulos para servir

Ainda sobre o texto: A que nos comissionou Jesus?, será útil considerar alguns prováveis princípios realísticos desse entendimento de “missão”. Os cristãos evangélicos estão agora se arrependendo do seu pietismo inicial cuja tendência era de nos manter isolados do mundo secular, e está aceitando que temos uma responsabilidade tanto social quanto evangelística. Mas o que isso significa na prática? Gostaria de explorar três áreas – vocacional, local e nacional.

Começo com a vocação, que para mim significa uma profissão cristã para a vida toda. Frequentemente, nos é dada a impressão de que se um jovem cristão está realmente interessado em servir a Cristo ele, indubitavelmente, será um missionário no estrangeiro, e que se ele não está tão interessado assim ele ficará em casa e se tornará um pastor, e que se lhe falta a dedicação para ser um pastor, ele sem dúvida servirá como um médico ou como um professor, enquanto que aqueles que terminam em assistência social ou na mídia ou (pior de tudo) na política não estão longe de apostatarem da fé!

Do meu ponto de vista, isso precisa urgentemente ganhar uma perspectiva mais verdadeira nessa matéria de vocação. Jesus Cristo chama a todos os seus discípulos para “ministrar”, isto é, para o “serviço”. Ele mesmo é o Servo por excelência, e chama-nos para sermos servos também. Uma coisa, então, é certa: se somos cristãos, precisamos gastar nossas vidas no serviço de Deus e dos homens (Mt 20:26-28; Lc 22:25-27; Jo 13:2-5,12-17).

 


Nem todos os membros têm a mesma função

 

“Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.”
(1 Coríntios 12:14)

 

A única diferença entre nós repousa na natureza do serviço a que somos chamados para prestar. Alguns são de fato chamados para serem missionários, evangelistas ou pastores (Rm 12:3-8; 1 Co 12:28; Ef 4:11-14), e outros para as grandes profissões do direito, da educação, da medicina e das ciências sociais. Mas outros são chamados para o comércio, para a indústria, para a agropecuária, para a contabilidade e para o sistema bancário, para o governo local ou para o parlamento (1 Co 7:17-18,20; 1 Ts 4:10-12), e para a mídia, enquanto ainda há muitas jovens que encontram sua vocação no lar, na maternidade sem seguir uma carreira independente também (Pv 31:27-29; Tt 2:3-5).

Em todas essas esferas, e em muitas outras além dessas, é possível para os cristãos desempenharem sua profissão de maneira cristã, e não considerá-la nem como um mal necessário (necessário, isto é, para sobrevivência), nem mesmo como um lugar útil para evangelizar ou para ganhar dinheiro para evangelização, mas como vocação cristã, como o meio pelo qual Cristo chamou-os para gastar suas vidas no serviço dEle. Além disso, uma parte do chamado será tentar manter os padrões de justiça, de integridade, de honestidade, de dignidade humana e de compaixão de Cristo numa sociedade que não os aceita mais (Fp 2:14-15; 1 Pe 2:11-17).

 

O sal só salga fora do saleiro

 

“Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor?
(Marcos 9:50)

 

Quando qualquer comunidade se deteriora, a culpa deve ser atrelada a quem de direito: não à comunidade que está indo mal, mas à igreja que está falhando em sua responsabilidade, como “sal da terra”, de impedi-la de se deteriorar. E o sal será eficaz apenas se ele permear a sociedade, apenas se os cristãos entenderem novamente a ampla diversidade dos chamados divinos, e se muitos penetrarem profundamente na sociedade secular, a fim de nela servirem a Cristo (Mt 5:13; Mc 9:50).

Para esse fim, eu pessoalmente gostaria de ver as reuniões dos responsáveis cristãos por despertar vocações que visitam escolas, colégios e igrejas não recrutando apenas para o pastorado, mas apresentando diante dos jovens a emocionante variedade de oportunidades disponíveis hoje para servir a Cristo e aos seres humanos, seus companheiros.

Gostaria também de ver conferências vocacionais regulares, não apenas conferências missionárias cujo apelo principal é para se tornar um missionário transcultural, nem conferências ministeriais, as quais se concentram em ordenação pastoral, mas conferências de missão as quais apresentam a amplitude bíblica da missão de Deus, aplicando-a para o mundo de hoje, e desafiam os jovens a dar suas vidas, sem reservas, para o serviço em algum setor da missão cristã.

 


Nem todos os cristãos têm o mesmo chamado

 

“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.
(Mateus 22:14)
.

 

Uma segunda aplicação diz respeito à igreja local. Aqui, mais uma vez nossa tendência tem sido a de ver a igreja como uma comunidade de adoração e de testemunho, com sua responsabilidade na região ou no distrito sendo largamente restrita ao testemunho evangelístico. Mas, se a igreja local é “enviada” à sua área como o Pai enviou o Filho ao mundo, sua missão de serviço é mais ampla que evangelização (Jo 17:18; 20:21).

Uma vez que a igreja local como um todo reconhece e aceita essa dimensão mais completa de sua responsabilidade, ela está preparada para uma verdade adicional. Mesmo que todos os cristãos sejam chamados em “termos gerais” para esses tipos de serviço, quais sejam, para testemunhar de Cristo e para atuar como o bom samaritano quando a oportunidade se apresentar, nem todos os cristãos são chamados ou para dar suas vidas ou para gastar todo o seu tempo em ambos (1 Co 12:29-31; 13:1-13).

É claramente impossível que todos façam todas as coisas que precisam ser feitas. Portanto, deve haver uma especialização, de acordo com os dons e com o chamado de Cristo para cada um. Alguns membros da igreja local, sem dúvida, receberam o dom para a evangelização e são chamados para evangelizar.

Mas, poderíamos agora dizer com igual convicção que o chamado e os dons de Cristo para outros apontam para a direção do trabalho social? Poderíamos nos liberar a nós mesmos da tarefa de curar os feridos (pois essa é a situação) por supor que todo cristão realmente sincero irá devotar todo o seu tempo na tarefa de ganhar almas? A doutrina bíblica do corpo de Cristo, com diferentes membros com dons para cumprir diferentes funções, deveria ser suficiente para dar-nos essa liberdade mais ampla? (1 Co 12:12-31).

 


Um sentido mais amplo de fazer missões

 

“O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
(Mateus 25:40)
.

 

Uma vez que esse princípio tem sido bem aceito, deveria ser possível para grupos de cristãos preocupados com isso, em cada congregação, unir-se a uma variedade de “grupos de estudo e ação”. Por exemplo, um poderia concentrar-se em visitação de casa-em-casa, outro em penetração evangelística de algum segmento particular ainda não alcançado (p. ex. um botei de estudante ou um clube de jovens, um colégio ou um café), outro em relações comunitárias entre imigrantes, outro em estabelecer uma associação de moradores para ajudar os que não têm moradia, outro, em visitar pessoas idosas ou doentes, ou ajudar deficientes físicos e mentais, enquanto outros poderiam trabalhar com questões político-sociais ou ético-sociais, tais como aborto (se houver uma clínica de aborto na área) ou relações trabalhistas (se a área for industrial) ou permissividade e censura (se lojas de pornografia ou cinemas estão infringindo a lei na vizinhança).

Deliberadamente usei a expressão “grupos de estudo e ação” porque nós cristãos temos uma tendência de dar nossa opinião a partir de uma posição de ignorância, e precisamos conhecer com precisão as complexidades de nosso tema antes de recomendar alguma ação responsável, seja evangelística ou social, ou ambas, para a igreja local.

Meu terceiro exemplo de tomar seriamente um entendimento mais amplo de missão leva-nos para a cena nacional. Mesmo que iniciativas devam ser tomadas em nível local, seria uma força considerável para os grupos de estudo e ação se algum tipo de rede nacional pudesse ser estabelecida. Atualmente, na Inglaterra, existem organizações nacionais para o trabalho jovem (p. ex., Pathfinders e CYFA), para missões estrangeiras (as várias sociedades missionárias), para desenvolvimento e ajuda de países estrangeiros (p. ex., TEAR Fund), ou para um ou dois outros propósitos, mas não para missão num sentido mais amplo.

O Conselho Evangélico da Igreja Anglicana e a Aliança Evangélica começaram a conversar sobre um “fórum de reflexões” que poderia procurar desenvolver uma estratégia nacional para a evangelização dos britânicos. Espero que isso crie raízes em contextos locais por fazerem a ligação entre “grupos de estudo e ação” evangelísticos uns com os outros. Talvez não devesse haver apenas uma preocupação evangelística, mas também por missão no sentido mais amplo (Mt 25:14-46).

 


Missão compreende a evangelização e ação social

 

“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
(Marcos 10:45)
.

 

Penso que um ou dois grupos centrais de influência deveriam ser estabelecidos, a partir desse tipo de rede de grupos locais. Atualmente, ouvimos muito sobre “alienação”, não apenas no sentido clássico econômico desenvolvido por Marx, mas no sentido mais geral de incapacidade. Jimmy Reid, o líder marxista das docas, que se tornou reitor da Universidade de Glasgow em 1972, falou sobre isso durante seu discurso de posse: “Alienação é o grito dos homens que se sentem vítimas das forças econômicas cegas, fora de seu controle, a frustração de pessoas comuns excluídas do processo decisório.” E isso é verdade.

Muitas pessoas sentem-se escravos impotentes do “sistema”. Mas os cristãos não podem simplesmente aquiescer num sentimento de impotência. Concordo particularmente com Barbara Ward que, do meu ponto de vista, proferiu o discurso mais brilhante em Uppsala, dizendo: “Os cristãos atingem o espectro inteiro de nações ricas e, portanto, os cristãos formam um grupo de influência, ou podem formar um grupo de influência de incompreensível importância.” Ela estava falando especificamente sobre ajuda para o desenvolvimento.

Se podemos aceitar esse conceito mais amplo de missão, como serviço cristão no mundo, compreendendo tanto a evangelização quanto a ação social (Mt 25:14-46) – um conceito estabelecido a partir do modelo da missão de nosso Salvador no mundo – então os cristãos poderiam, sob a direção de Deus, ter um impacto muito maior sobre a sociedade, um impacto compatível com nossa força numérica e com as demandas radicais da comissão de Jesus Cristo (Mt 10:16-42; Jo 17:14-26; 20:21).

 


O texto acima é adaptação do livro de John Stott:
A missão cristã no mundo moderno”;
Editora Ultimato – págs.: 36-41.

 

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Biografias – Dwight Lyman Moody

Dwight Lyman Moody

“Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também.”
(D. L. Moody)

Dwight Lyman Moody (05/02 de 1837 – 22/12 de 1899), também conhecido como D.L. Moody, foi um evangelista arminiano e editor norte-americano que fundou a Igreja Moody, a Escola Northfield, a Escola Mount Hermon em Massachusetts (agora chamada Escola Northfield Mount Hermon), o Instituto Bíblico Moody e a Moody Press.

Não é exagero dizer que, hoje em dia, muitas décadas depois de sua morte, os crentes se referem ao seu nome mais do que a qualquer outro nome depois dos tempos dos apóstolos. Que ninguém julgue, contudo, que D. L. Moody era grande em si mesmo ou que tinha oportunidades que os demais não têm. Seus antepassados eram apenas lavradores que viveram por sete gerações, ou duzentos anos, no vale do Connecticut, nos Estados Unidos.

Quando o jovem Moody chorava sob o poder do alto na pregação do jovem Spurgeon, foi inspirado a exclamar: “Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também“.

Conheça a história de Moody, e como Deus ouviu essa sua oração sincera!

 


 

A infância em uma família pobre

“Depois de trabalhar a semana inteira, achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir aos sermões, os quais não compreendia.”

D.L. Moody, ou simplesmente Moody, nasceu em 5 de fevereiro de 1837, em Northfield, Massachusetts, de pais pobres, o sexto entre nove filhos. em uma família numerosa. Seu pai era alcoólatra e morreu aos 41 anos. Assim que seu pai faleceu e os credores tomaram conta do que ficou deixando a família destituída de tudo, até da lenha para aquecer a casa em tempo de intenso frio. Não há história que comova e inspire tanto quanto a daqueles anos de luta da viúva, mãe de Dwight. Poucos meses depois da morte de seu marido, nasceram-lhe gêmeos e o filho mais velho tinha apenas doze anos.

O conselho de todos os parentes foi que ela entregasse os filhos para outros criarem. Mas com invencível coragem e santa dedicação a seus filhos, ela os criou no próprio lar. Guarda-se ainda, como tesouro precioso, sua Bíblia com as palavras de Jeremias 49:11 sublinhadas: “Deixa os teus órfãos, eu os conservarei em vida; e confiem em mim tuas viúvas.

Ao contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos a acrescentar: “quem pode calcular as possibilidades de um filho criado num lar onde os pais amam sinceramente ao Pai celestial a ponto de chamar diariamente todos os filhos para escutarem a sua voz na leitura da Bíblia e reverentemente clamarem a Ele em oração?

Todos os filhos da viúva Moody assistiam aos cultos nos domingos; levavam merenda para passar o dia inteiro na igreja. Tinham de ouvir dois prolongados sermões e, no intervalo, assistir à Escola Dominical. D. L Moody, depois de trabalhar a semana inteira, achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir aos sermões, os quais não compreendia. Mas, por fim, chegou a ser agradecido a essa boa mãe pela dedicação nesse sentido.

Assim se expressou Dwight, ao lado do ataúde quando ela faleceu com a idade de noventa anos:

Pode-se esperar outra coisa a não ser que os filhos ficassem ligados à mãe e que crescessem para se tornarem homens e mulheres que conhecessem o mesmo Deus que ela conhecia?

 


Uma juventude sem muito compromisso com Deus

“Quantas vezes depois, o senhor Kimball dava graças a Deus por não ter sido desobediente à visão celestial.”

Com a idade de dezessete anos, Moody saiu de casa para trabalhar na cidade de Boston, onde achou emprego na sapataria de um seu tio. Continuou a assistir aos cultos, mas ainda não era salvo. Uma das exigências de seu tio era que Moody frequentasse uma igreja, então ele passou a frequentar a Igreja Congregacional. Ele frequentou, mas não estabeleceu um relacionamento pessoal com Deus até anos mais tarde.

Notai bem, os que vos dedicais à obra de ganhar almas! Não foi num culto que Dwight Moody foi levado ao Salvador. Seu professor da Escola Dominical, Eduardo Kimball, conta que:

Resolvi falar-lhe acerca de Cristo e de sua alma. Vacilei um pouco em entrar na sapataria, não queria embaraçar o moço durante as horas de serviço. Por fim, entrei, resolvido a falar sem mais demora. Achei Moody nos fundos da loja, embrulhando calçados. Aproximei-me logo dele e, colocando a mão sobre seu ombro, fiz o que depois parecia-me um apelo fraco, um convite para aceitar a Cristo. Não me lembro do que eu disse, nem mesmo Moody podia lembrar-se alguns anos depois. Simplesmente falei do amor de Cristo para com ele, e o amor que Cristo esperava dele, de volta. Parecia-me que o moço estava pronto para receber a luz que o iluminou naquele momento e, lá nos fundos da sapataria, entregou-se a Cristo.

Na história dos cristãos, através dos séculos, não há cristão que fosse, no zelo, menos remisso e, no espírito, mais fervoroso em servir ao Senhor, desde a conversão até o dia da morte, do que Moody de Northfield. Quantas vezes depois, o senhor Kimball dava graças a Deus por não ter sido desobediente à visão celestial. Qual teria sido o resultado se não tivesse falado ao moço naquela manhã na sapataria!?

 


Nasce o grande evangelista

“Continuou a levar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns domingos depois, no prédio não cabiam mais. Então resolveu abrir outra escola em outra parte da cidade.”

Era costume das igrejas daquela época, alugarem os assentos. Moody, logo depois da sua conversão, transbordan­do de amor para com seu Salvador, pagou aluguel de um banco, percorrendo as ruas, hotéis e casas de pensão solicitando homens e meninos para enchê-lo em todos os cultos. Depois alugou mais um, depois outro, até conseguir encher quatro bancos, todos os domingos. Mas isso não era suficiente para satisfazer o amor que sentia para com os perdidos.

É importante deixar claro que as “Escolas Dominicais” daqueles dias não eram como as “Escolas Bíblicas Dominicais (EBD’s)” de hoje (que originaram daquelas). As “Escolas Dominicais” eram na verdade “Escolas” – salas de aula – que funcionavam no domingo para inclusão de crianças mais pobres da cidade, cujas as famílias não podiam pagar por uma escola ou um professor, e precisavam ser alfabetizadas e receber ensino como numa escola comum.

Certo domingo visitou uma Escola Dominical em outra rua. Pediu permissão para ensinar também, uma classe. O dirigente respondeu: “Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode ensinar todos os alunos que conseguir trazer à escola.” Foi grande a surpresa de todos quando Moody, no domingo seguinte, entrou com dezoito meninos da rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja e esfarrapada, mas, como ele disse: “Todos com uma alma para ser salva.

Continuou a levar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns domingos depois, no prédio não cabiam mais. Então resolveu abrir outra escola em outra parte da cidade. Moody não ensinava, mas arranjava professores, providenciava o pagamento do aluguel e de outras despesas. Em poucos meses essa Escola veio a ser a maior da cidade de Chicago.

Não julgando conveniente pagar outros para trabalhar no domingo, Moody, cedo, pela manhã, tirava as pipas de cerveja (outros ocupavam o prédio durante a semana), varria e preparava tudo para o funcionamento da escola. Depois, então, saía para convidar alunos. Às duas horas, quando voltava de fazer os convites, achava o prédio repleto de alunos.

Depois de findar a escola, ele visitava os ausentes e convidava todos para ouvirem a pregação, à noite. No apelo, após o sermão, todos os interessados eram convidados a ficar para um culto especial, no qual tratavam individualmente com todos. Moody também participava nessa colheita de almas.

Antes de findar o ano, o trabalho conduziu sua escola dominical em Chicago a ser a maior da época. Moody trabalhou tão arduamente que no decorrer de um ano a incidência média em sua escola era de 650 pessoas, divididos em 80 classes (chegando a 1.000 e, às vezes, a 1.500, além das crianças, os pais destas também frequentavam semanalmente a escola), enquanto 60 voluntários de várias igrejas trabalhavam como professores. A escola chegou a ser tão conhecida que o recém eleito presidente Lincoln visitou e falou em uma reunião da escola em 25 de novembro de 1860.

O êxito de Moody na Escola Dominical atraiu a atenção de outros que se interessavam pelo mesmo trabalho. De vez em quando era convidado a participar nas grandes convenções das Escolas Dominicais. Certa vez, depois de Moody ter falado numa convenção, um orador censurou-o severamente por não saber dirigir-se a um auditório. Moody foi para a frente, e depois de explicar que reconhecia não ser instruído, agradeceu ao ministro por ter mostrado seus defeitos e pediu-lhe que orasse a Deus para que o ajudasse a fazer o melhor que pudesse.

Ao mesmo tempo que Moody se aplicava à Escola Dominical com tais resultados, esforçava-se, também, no comércio todos os dias. O grande alvo da sua vida era vir a ser um dos principais comerciantes do mundo, um multi­milionário. Não tinha mais de 23 anos e já tinha ajuntado 7.000 dólares, algo excepcional para época! Mas seu Salvador tinha um plano ainda mais nobre para seu servo.

 


 

Casamento, filhos e vida financeira

“Ao mesmo tempo em que Moody descrevia a sua alegria, foi obrigado a deixar a pensão, a alimentar-se mais simplesmente e a dormir num dos bancos do salão.

Em 28 de agosto de 1862, ele se casou com Emma C. Revell, com quem teve uma filha, Emma Reynolds Moody, e dois filhos, William Revell Moody e Paul Dwight Moody. Então, não muito depois de casar-se, Moody deixou um bom emprego com o salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo.

Depois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia., onde, muito comovido, anunciou: “Já resolvi empregar todo o meu tempo no serviço de Deus!” Como vai manter-se, perguntaram. “Ora, Deus me suprirá de tudo, se Ele quiser que eu continue, e continuarei até ser obriga­do a desistir.

É muito interessante notar o que ele escreveu não muito depois, a seu irmão Samuel:

Caro irmão: As horas mais alegres que já experimentei na terra foram as que passei na obra da Escola Dominical. Samuel, arranja uma classe de moços perdidos leva-os à Escola Dominical e pede a Deus sabedoria, e instrui-os no caminho da vida eterna!

Ao mesmo tempo em que Moody descrevia a sua alegria, foi obrigado a deixar a pensão, a alimentar-se mais simplesmente e a dormir num dos bancos do salão.

Acerca de seu desprendimento pelo dinheiro, R. A. Torrey fez esta observação:

Ele (Moody) disse-me que, se ti­vesse aceitados lucros provenientes da venda dos hinários por ele publicados, eles somariam um milhão de dólares. Porém Moody recusou-se a tocar naquele dinheiro, embora por direito fosse seu… Numa certa cidade visitada por Moody nos últimos dias de sua vida, estando eu em sua companhia, foi publicamente anunciado que ele não aceitaria qualquer recompensa por seus serviços. O fato era que ele quase não tinha outros meios de sustento senão aquilo que recebia nas suas conferências, todavia ele não comentou o anúncio feito, mas saiu daquela cidade sem receber um centavo sequer pelo seu árduo trabalho; e, parece-me, que foi ele mesmo quem pagou sua conta no hotel onde se hospedara.

Moody era homem simples e honesto no tocante ao dinheiro, como em tudo o mais. Não aceitava lucros e todos os proventos das vendas do hinário de sua autoria, que eram administrados por uma junta de encarregados, e destinados ao sustento das escolas de Northfield.

Aproximando de sua morte, ele era relativamente pobre. Ele declarou: “minha esposa e meus filhos simplesmente terão que confiar no mesmo Deus em que tenho confiado“.

 


Seu estilo de pregação e o fim de sua vida

“Não conheço coisa mais importante que a América precise do que de homens e mulheres inflamados com o fogo do Céu; nunca encontrei um homem (ou uma mulher) inflamado com o Espírito de Deus que fracassasse.”

Sua pregação era caracterizada por aqueles que o ouviam, como direta, sincera, franca, sem enfeites, não-gramatical, sempre simples, mas enormemente sincera e convincente.

Apesar de Moody não ter instrução acadêmica, reconhecia o grande valor da educação e sempre aconselhava a mocidade a se preparar para manejar bem a Palavra de Deus. Reconhecia a grande vantagem da instrução também para os que pregam no poder do Espírito Santo. Ainda existem três grandes monumentos às suas convicções nesse ponto – as três escolas que ele fundou:

– O Instituto Bíblico em Chicago, com 38 prédios e 16000 alunos matriculados nas aulas diurnas, noturnas e Cursos por Correspondência;

– O Northfield Seminário, com 490 alunos; e,

– A Escola do Monte Hermom, com 500 alunos.

Entretanto, ninguém se engane como alguns desses alunos e como diversos crentes entre nós, pensando que o grande poder de Moody era mais intelectual do que espiritual. Nesse ponto ele mesmo falava com ênfase. Para maior clareza, citamos o seguinte de seus “Short Talks“:

Não conheço coisa mais importante que a América precise do que de homens e mulheres inflamados com o fogo do Céu; nunca encontrei um homem (ou uma mulher) inflamado com o Espírito de Deus que fracassasse. Creio que isso seja mesmo impossível. Tais pessoas nunca se sentem desanimadas. Avançam mais e mais e se animam mais e mais. Amados, se não tendes essa iluminação, resolvei adquiri-la, e orai: “Ó Deus ilumina-me com o teu Espírito Santo!‘”

Não obstante, Moody era um estudante incansável:

Todos os dias da sua vida, até o fim, segundo creio, ele se levantava muito cedo de manhã para meditar na Palavra de Deus. Costumava deixar sua cama às quatro horas da madrugada, mais ou menos, para estudar a Bíblia. Um dia ele me disse: ‘para estudar, preciso me levantar antes que as outras pessoas acordem’. Ele se fechava num quarto afastado do resto da família, sozinho com a sua Bíblia e com o seu Deus. Pode-se falar em poder, porém, aí do homem que negligenciar o único Livro dado por Deus, que serve de instrumento, por meio do qual Ele dá e exerce seu poder. Um homem pode ler inúmeros livros e assistir a grandes convenções. Pode promover reuniões de oração que durem noites inteiras, suplicando o poder do Espírito Santo, mas se tal homem não permanecer em contato íntimo e constante com o único Livro, a Bíblia, não lhe será concedido o poder. Se já tem alguma força não conseguirá mantê-la, senão pelo estudo diário, sério e intenso desse Livro.

Em uma viagem à Inglaterra, Moody se fez mais conhecido como evangelista, a ponto de haver sido chamado de maior evangelista do século XIX. Sua pregação teve um impacto tão grande como as de George Whitefield e John Wesley dentro da Grã-Bretanha, Escócia e Irlanda. Foi contemporâneo do pregador Charles Haddon Spurgeon, chegando a pregar, nessa ocasião de sua viagem, no Tabernáculo Metropolitano de Londres, em 1873.

Em várias ocasiões encheu estádios com capacidade entre 2 mil e 4 mil pessoas. Em uma reunião no Botanic Gardens Palace se juntaram entre 15.000 e 30.000 para ouví-lo. Este séquito continuou em 1874 e 1875, com as multidões em todas as reuniões (Veja os relatos em: “Segunda viagem: o avivamento no Reino Unido”, mais abaixo no tópico: “Algumas passagens da vida de Dwight Lyman Moody”).

Quando voltou aos Estados Unidos, as multidões de 12.000 a 20.000 eram tão comuns como na Inglaterra. Suas reuniões evangelísticas se celebraram de Boston a Nova York, passando por Nova Inglaterra e outros povos da costa oeste, como Vancouver e San Diego.

Entre 1884 e 1891, Moody mostrou-se ativo em campanhas evangelísticas nos EUA e no Canadá. Estabeleceu o Instituto Bíblico de Chicago que mais tarde mudou de nome para Instituto Bíblico Moody que tem servido de grande força aos evangélicos e preparando pregadores, missionários e líderes que têm trabalhado em todos os continentes do mundo Veja os relatos em: “O retorno aos Estados Unidos e o avivamento na América” mais abaixo no tópico: “Algumas passagens da vida de Dwight Lyman Moody”).

Tudo no mundo tem de findar, então, D. L. Moody findou seu ministério aqui na terra. Em 16 de novembro de 1899, no meio de sua campanha em Kansas City, com auditórios de 15.000 pessoas, pregou seu último sermão. É provável que soubesse que seria o último. Certo é que seu apelo era ungido com poder vindo do Alto e centenas de almas foram ganhas para Cristo.

Para a nação, a sexta-feira, 22 de dezembro de 1899, foi o dia mais curto do ano, mas para D. L. Moody, foi o dia que clareou, foi o começo do dia que nunca findará. Às seis horas da manhã dormiu um ligeiro sono. Então os seus queridos ouviram-no dizer em voz clara: “Se isto é a morte, não há nenhum vale. Isto é glorioso. Entrei pelas portas e vi as crianças! (Dois de seus netos já falecidos). A terra recua, o céu se abre perante mim. Deus está me chamando!” Então virou-se para a sua esposa, a quem ele queria mais do que a todas as pessoas, a não ser Cristo, e disse: “Tu tens sido para mim uma boa esposa.

No singelo culto fúnebre, Torrey, Scofield, Sankey e outros falaram à grande multidão comovida que assistiu. Depois o ataúde foi levado pelos alunos da Escola Bíblica de Monte Hermom a um lugar alto que ficava próximo, chamado “Round Top”. Três anos depois, a fiel serva de Deus, Ema Moody, sua esposa, também dormiu em Cristo e foi enterrada ao lado do marido, no mesmo alto, onde permanecerão até o glorioso dia da ressurreição.

Encontra-se sepultado no Northfield School Campus Grounds, Northfield, Condado de Franklin, Massachusetts nos Estados Unidos. R.A. Torrey foi o sucessor de Moody como presidente do Moody Bible Institute. Dez anos depois de sua morte, a Chicago Avenue Church foi renomeada como Igreja Moody em sua homenagem.

 


 

O que grandes pregadores falaram de Moody

Henrique Moorehouse, pregador escocês, dá a seguinte opinião acerca dos discursos de Moody:

1) “Crê firmemente que o Evangelho salva os pecadores, quando eles creem, e confia na história simples do Salvador crucificado e ressuscitado;

2) Espera a salvação de almas, quando prega, e o resultado é que Deus honra a sua fé;

3) Prega como se nunca jamais se realizasse outro culto e como se os pecadores nunca mais tivessem oportuni­dade de ouvir o som do Evangelho. Seus apelos a decisão agora mesmo são comoventes;

4) Consegue levar os crentes a trabalhar com os interessados depois do sermão. Insiste em que perguntem aos que estão assentados ao lado se são salvos ou não. Tudo na sua obra é muito simples e aconselho os obreiros da seara do Senhor a aprenderem de nosso amado irmão algumas lições preciosas sobre a obra de ganhar almas.

O doutor Dale disse:

Acerca do poder de Moody, acho difícil falar. É tão real e ao mesmo tempo tão diferente do poder dos demais pregadores, que não sei descrevê-lo. Sua realidade é inegável. Um homem que pode cativar o interesse de um auditório de três a seis mil pessoas, por meia hora, de manhã, por quarenta minutos, de novo, ao meio-dia e de um terceiro auditório, de 13 a 15 mil, durante quarenta minutos, à noite, deve ter um poder extraordinário.

Acerca desse poder maravilhoso, Torrey testificou:

Várias vezes tenho ouvido diversas pessoas dizerem que viajaram grandes distâncias para ver e ouvir D. L. Moody, e que ele, de fato, é um maravilhoso pregador. Sim, ele era em verdade um maravilhoso pregador. Considerando tudo, o mais maravilhoso que eu jamais ouvi. Era grande o privilégio de ouvi-lo pregar, como só ele sabia pregar. Contudo, conhecendo-o intimamente, quero testificar que Moody era maior como intercessor do que como pregador. Enfrentando obstáculos aparentemente invencíveis, ele sabia vencer todas as dificuldades. Sabia, e cria no mais profundo de sua alma, que não havia nada demasiadamente difícil para Deus fazer, e que a oração podia conseguir tudo que Deus pudesse realizar.



Algumas passagens da vida de Dwight Lyman Moody

A parte da biografia de D. L. Moody que trata dos primeiros anos do seu ministério está repleta de proezas feitas na carne. Mencionamos aqui apenas uma, isto é, o fato de Moody fazer 200 visitas em um só dia.

Ele mesmo mais tarde se referia àqueles anos como uma manifestação do “zelo de Deus, mas sem entendimento“, acrescentando:

Há, contudo muito mais esperança para o homem com zelo e sem entendimento do que para o homem de entendimento sem zelo.

Deixamos a seguir alguns episódios ocorridos em sua vida e como Deus o usou para impactar só o seu país mas também a Europa e a América do Norte.

Tudo aconteceu durante uma das famosas campanhas de Moody e Sankey para salvar almas. A noite de uma segunda-feira tinha sido reservada para um discurso dirigido aos materialistas. Carlos Bradlaugh, campeão do ceticismo, então no ápice da fama, ordenou que todos os membros dos clubes que fundara assistissem à reunião.

Assim, cerca de 5.000 homens, resolvidos a dominar o culto, entraram e ocuparam todos os bancos. Moody pregou sobre o texto: “A rocha deles não é como a nossa Rocha, sendo os nossos próprios inimigos os juízes” (Dt 32:31).

Com uma rajada de incidentes pertinentes e comoventes das suas experiências com pessoas presas ao leito de morte, Moody deixou que os homens julgassem por si mesmos quem tinha melhor alicerce sobre o qual deviam basear sua fé e esperança. Sem querer, muitos dos assistentes tinham lágrimas nos olhos. A grande massa de homens, demonstrando o mais profundo e determinado desafio a Deus estampado nos seus rostos, encarou o contínuo ataque de Moody aos pontos mais vulneráveis, isto é, o coração e o lar.

Ao findar, Moody disse:

Levantemo-nos para cantar: Oh! vinde vós aflitos! E, enquanto o fazemos, os porteiros abram todas as portas para que possam sair todos os que quiserem. Depois faremos o culto, como de costume, para aqueles que desejarem aceitar o Salvador.’ Uma das pessoas que assistiu a esse culto, disse: ‘Eu esperava que todos saíssem imediatamente, deixando o prédio vazio. Mas a grande massa de cinco mil homens se levantou, cantou e assentou-se de novo; nenhum deles deixou seu assento!

Moody, então disse: “Quero explicar quatro palavras: Recebei, crede, confiai, aceitai.” Um grande sorriso passou de um a outro em todo aquele mar de rostos. Depois de fa­lar um pouco sobre a palavra recebei, fez um apelo: “Quem quer recebê-lo? É somente dizer: Quero.” Cerca de cinquenta dos que estavam em pé e encostados às paredes, responderam: “Quero”, mas nenhum dos que estavam sentados.

Um homem exclamou: “Eu não posso”, ao que Moody replicou:

Falou bem e com razão, amigo; foi bom ter falado. Escute e depois poderá dizer: Eu posso”.

Moody então explicou o sentido da palavra crer e fez o segundo apelo: “Quem dirá: Quero crer nele?

De novo alguns dos homens que estavam em pé responderam, aceitando, mas um dos chefes dirigentes dum clube, bradou: “Eu não quero!

Moody, vencido pela ternura e compaixão, respondeu com voz quebrantada: “Todos os homens que estão aqui esta noite têm de dizer: Eu quero ou Eu não quero”.

Então, levou todos a considerarem a história do Filho Pródigo, dizendo:

A batalha é sobre o querer – só sobre o querer. Quando o Filho Pródigo disse: ‘Levantar-me-ei a luta foi ganha, porque alcançara o domínio sobre a sua própria vontade’. É com referência a este ponto que depende tudo hoje. Senhores, tendes aí em vosso meio o vosso campeão, o amigo que disse: Eu não quero. Desejo que to­dos aqui, que acreditam que esse campeão tem razão levantem-se e sigam o seu exemplo, dizendo: ‘Eu não quero.’

Todos ficaram quietos e houve grande silêncio até que, por fim, Moody interrompeu, dizendo: “Graças a Deus! Ninguém diz: Eu não quero. Agora quem dirá: Eu quero?

Instantaneamente parece que o Espírito Santo tomou conta do grande auditório de inimigos de Jesus Cristo, e cerca de quinhentos homens puseram-se de pé, as lágrimas rolando pelas faces e gritando: “Eu quero! Eu quero!’ Clamaram até que todo o ambiente se transformou. A batalha foi ganha.

O culto terminou sem demora, para que se começasse a obra entre aqueles que estavam desejosos de salvação. Em oito dias, cerca de dois mil foram transferidos das fileiras do inimigo para o exército do Senhor, pela rendição da vontade. Os anos que se seguiram provaram a firmeza da obra, pois os clubes nunca se ergueram. Deus, na sua misericórdia e poder, os aniquilou por seu Evangelho.

Um total de quinhentas mil preciosas almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo, Dwight Lyman Moody. R. A. Torrey, que o conheceu intimamente, considerava-o, com razão, o maior homem do século XIX, isto é, o homem mais usado por Deus para ganhar almas.

Certo dia, um dos professores da Escola Dominical entrou na sapataria onde Moody negociava. Informou-o de que estava tuberculoso e que, desenganado pelo médico, resolvera voltar para Nova Iorque e aguardar a morte. Confessou-se muito perturbado, não porque tinha de morrer, mas porque até então não conseguira levar ao Salvador nenhuma das moças da sua classe da Escola Dominical.

Moody, profundamente comovido, sugeriu que visitassem juntos as moças em suas casas, uma por uma. Visitaram uma, o professor falou-lhe seriamente acerca da salvação da sua alma. A moça deixou seu espírito leviano e começou a chorar, entregando-se ao seu Salvador. Todas as outras moças que foram visitadas naquele dia fizeram o mesmo.

Passados dez dias, o professor foi novamente à sapataria. Com grande gozo informou a Moody que todas as moças se haviam entregado a Cristo. Resolveram então convidar todas para um culto de oração e despedida na véspera da partida do professor para Nova Iorque.

Todos se ajoelharam e Moody, depois de fazer uma oração, estava para se levantar quando uma das moças começou, também, a orar. Todos oraram suplicando a Deus em favor do professor.

Ao sair Moody suplicou: “Ó Deus, permite-me morrer antes de perder a bênção que recebi hoje aqui!

Moody, mais tarde, confessou:

Eu não sabia o preço que tinha de pagar, como resultado de haver participado na evangelização individual das moças. Perdi todo jeito de negociar; não tinha mais interesse no comércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar dinheiro… Oh! delícia, a de levar uma alma das trevas deste mundo à gloriosa luz e liberdade do Evangelho!

Rompeu a tremenda Guerra Civil e Moody chegou com os primeiros soldados ao acampamento militar onde armou uma grande tenda para os cultos. Depois ajuntou dinheiro e levantou um templo onde dirigiu 1500 cultos durante a guerra. Uma pessoa que o conhecia assim comentou sua ação:

Moody precisa estar constantemente em todos os lugares, dia e noite, nos domingos e todos os dias da semana; orando, exortando, tratando com os soldados acerca das suas almas, regozijando-se nas oportunidades abundantes de trabalhar no grande fruto ao seu alcance por causa da guerra.

Depois de findar a guerra, dirigiu uma campanha para levantar em Chicago um prédio para os cultos, com capacidade para três mil pessoas. Quando, mais tarde esse edifício foi destruído por um incêndio, ele e dois outros iniciaram outra campanha, antes de os escombros haverem esfriado, para levantar novo edifício. Trata-se do “Farwell Hall II”, que se tornou um grande centro religioso em Chicago. O segredo desse êxito foram os cultos de oração que se realizavam diariamente, ao meiodia, precedidos por uma hora de oração de Moody, escondido no vão debaixo da escada.

No meio desses grandes esforços, Moody resolveu, inesperadamente, fazer uma visita à Inglaterra. Em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Já tinha lido muito do que “o príncipe dos pregadores” escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon, mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão. Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito “O Peregrino“, de Bunyan.

Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim, Henrique Varley: “o mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue.” Moody disse consigo mesmo:

Ele não disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um eloquente, nem por um inteligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um homem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não se consagrar assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem.

Apesar de tudo isso, Moody, depois de voltar à América, continuava a se esforçar e a empregar métodos naturais. Foi nessa época que a cidade de Chicago foi reduzida a cinzas no pavoroso incêndio de 1871. Na noite do início do pavoroso incêndio, Moody pregou sobre este tema: “Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?” Ao concluir seu sermão, ele disse ao auditório, o maior a que pregara em Chicago: “Quero que leveis esse texto para casa e nele mediteis bem durante a semana e no domingo vindouro iremos ao Calvário e à cruz e resolveremos o que faremos de Jesus de Nazaré.

Posteriormente, disse:

Como errei! Não me atrevo mais a conceder uma semana de prazo ao perdido para de­cidir sobre a salvação. Se se perderem serão capazes de se levantar contra mim no dia do juízo. Lembro-me bem de como Sankey cantou e como sua voz soou quando chegou a estrofe de apelo: ‘O Salvador chama para o refúgio. Rompe a tempestade e breve vem a morte’. Nunca mais vi aquele auditório. Ainda hoje desejo chorar… Prefiro ter a mão direita decepada, a conceder ao auditório uma semana para decidir o que fará de Jesus. Muitos me censuram dizendo:  “Moody, o senhor quer que o povo se decida imediatamente. Por que não lhe dá tempo para consultar?’ Tenho pedido a Deus muitas vezes que me perdoe por ter dito naquela noite que podiam passar oito dias para considerar, e se Ele poupar minha vida não o farei de novo.

O grande incêndio rugiu e ameaçou durante quatro dias, consumindo “Farwell Hall”, o templo de Moody e a sua própria residência. Os membros da igreja foram todos dispersos. Moody reconheceu que a mão de Deus o castigara para o ensinar, e isso tornou-se para ele motivo de grande regozijo.

Foi a Nova Iorque, a fim de granjear dinheiro para os flagelados do grande sinistro. Acerca do que se passou, ele mesmo escreveu:

Não sentia o desejo no coração de solicitar dinheiro. Todo o tempo eu clamava a Deus pedindo que me enchesse do seu Espírito. Então, certo dia, na cida­de de Nova Iorque – Ah! que dia! Não posso descrevê-lo, nem quero falar no assunto; é experiência quase sagrada demais para ser mencionada. O apóstolo Paulo teve uma experiência acerca da qual não falou por catorze anos. Posso apenas dizer que Deus se revelou a mim e tive uma experiência tão grande do seu amor que tive de rogar-lhe que retirasse de mim sua mão. Voltei a pregar. Os sermões não eram diferentes; não apresentei outras verdades; contudo, centenas se converteram. Não quero voltar para viver de novo como vivi outrora nem que eu pudesse possuir o mundo inteiro.

Acerca dessa experiência, um de seus biógrafos acrescentou:

O Moody que andava na rua parecia outro. Nunca jamais bebera mosto, mas então conhecia a diferença entre o júbilo que Deus dá e o falso júbilo de Satanás. Enquanto andava, parecia-lhe que um pé dizia a cada passo, ‘Glória!’ e o outro respondia, ‘Aleluia!’. O pregador rompeu em soluços, balbuciando: ‘Ó Deus, constrange-nos andar perto de ti para todo o sempre.‘”

Sobre o mesmo acontecimento, ainda outro escreveu o seguinte:

O fruto da sua pregação tinha sido pequeno. Angustiado em espírito, ele andava pelas ruas da grande cidade de noite orando: ‘Ó Deus unge-me com teu Espírito!’ – Deus ouviu e concedeu-lhe lá mesmo na rua, aquilo por que rogava. Sua vida anterior era como se experimentasse puxar água dum poço que parecia seco. Fazia funcionar a bomba com toda a força, mas tirava muito pouca água. Agora Deus fez sua alma como um poço artesiano onde nunca falta água. Assim chegou a compreender o que significam as palavras: “A água que eu lhe der, virá a ser nele uma fonte de água que mana para a vida eterna.

O Senhor supriu dinheiro para Moody construir um edifício provisório para realizar os cultos em Chicago. Era de madeira rústica, forrado de papel grosso para evitar o frio; o teto era sustentado por fileiras de estacas colocadas no centro. Nesse templo provisório realizaram-se os cultos, durante três anos, no meio dum deserto de cinzas. A maior parte do trabalho de construção fora feita pelos membros que moravam em ranchos ou mesmo em lugares escavados por debaixo das calçadas das ruas. Ao primeiro culto assistiram mais de mil crianças com seus respectivos pais!

Esse templo provisório serviu de morada para Moody e Sankey, seu evangelista-cantor. Eram tão pobres como os outros em redor, mas tão cheios de esperança e gozo que conseguiram levar muitos a Cristo e se tornarem ricos, apesar de nada possuírem. Onda após onda de avivamento passou sobre o povo. Os cultos continuavam dia e noite, quase sem cessar, durante alguns meses. Multidões choravam seus pecados, às vezes dias inteiros e no dia seguinte, perdoados, clamavam e louvavam em gratidão a Deus. Homens e mulheres até então desanimados participavam do gozo transbordante de Moody, transformado pelo batismo com o Espírito Santo.

Não muito depois de haver construído o templo permanente (com assentos para 2000 pessoas – e sem endividar-se), Moody fez a sua segunda viagem à Inglaterra. Nos seus primeiros cultos nesse país, encontrou igrejas frias, com pouca assistência e o povo sem interesse nas suas mensagens. Mas a unção do Espírito, que Moody recebera nas ruas de Nova Iorque, ainda permanecia na sua alma e Deus o usou como seu instrumento para um avivamento mundial.

Não desejava métodos sensacionais, mas usou os mesmos métodos humildes até o fim da vida: sermão dirigido direto aos ouvintes; aplicação prática da mensagem do Evangelho à necessidade individual; solos cantados sob a unção do Espírito; apelo para que o perdido se entregasse imediatamente; uma sala no lado aonde levava os que se achavam em “dificuldades” em aceitar a Cristo; a obra que depois os salvos faziam entre os “interessados” e recém-convertidos; diariamente uma hora de oração ao meio-dia, e cultos que duravam dias inteiros.

O próprio Moody disse estas palavras: “Se estamos cheios do Espírito, e de poder, um dia de serviço com poder vale mais do que um ano de serviço sem esse poder.” Outra vez acrescentou: “Se estamos cheios do Espírito, ungidos, nossas palavras alcançarão os corações do povo.

Na Inglaterra, as cidades de York, Senderland, Bishop, Auckland, Carlisle e Newcastle foram vivificadas como nos dias de Whitefield e Wesley. Na Escócia, em Edinburgh, os cultos se realizaram no maior edifício e “a cidade inteira ficou comovida.” Em Glasgow, a obra começou com uma reunião de professores da Escola Dominical, a que assistiram mais de 3000. O culto de noite foi anuncia­do para às 18h30, mas muito antes da hora marcada, o grande edifício ficou repleto e a multidão que não pôde entrar foi levada para as quatro igrejas mais próximas.

Essa série de cultos transformou radicalmente a vida diária do povo. Na última noite Sankey cantou para 7000 pessoas que estavam dentro do edifício, e Moody, sem poder entrar no auditório, subiu numa carruagem e pregou a 20 mil pessoas que se achavam congregadas do lado de fora. O coral cantou os hinos de cima dum galpão. Em um só culto mais de 2000 pessoas responderam ao apelo para se entregarem definitivamente a Cristo.

Durante o verão, pregou em Aberdeen, Montrose, Brechin, Forfar, Huntley, Inverness, Arbroath, Fairn, Nairn, Elgin, Ferres, Grantown, Keith, Rothesay e Campbel-town; muitos milhares assistiam a todos os cultos.

Na Irlanda, Moody pregou nos maiores centros com os mesmos resultados, como na Inglaterra e Escócia. Os cul­tos em Belfast continuaram durante quarenta dias. O últi­mo culto foi reservado para os recém-convertidos, que só podiam ter ingresso por meio de bilhetes, concedidos gratuitamente. Assistiram 2.300 pessoas. Belfast fora o centro de vários avivamentos, mas todos concordam em que nunca houvera um avivamento antes desse de resultados tão permanentes.

Depois da campanha na Irlanda, Moody e Sankey voltaram à Inglaterra e dirigiram cultos inesquecíveis em Shefield, Manchester, Birgmingham e Liverpool. Durante muitos meses, os maiores edifícios dessas cidades ficaram superlotados de multidões desejosas de ouvirem a apresen­tação clara e ousada do Evangelho por um homem livre de todo o interesse e ostentação. O poder do Espírito se manifestou em todos os cultos produzindo resultados que permanecem até hoje.

Certo dia, na sua grande campanha em Londres, Moody estava pregando num teatro repleto de pessoas da alta sociedade, e entre elas havia um membro da família real. Moody levantou-se e leu Lucas 4.27: “E havia muitos le­prosos em Israel no tempo do profeta Eliseu…” Ao chegar à palavra “Eliseu”, ele não a podia pronunciar e começou a gaguejar e balbuciar. Começou a ler o versículo de novo, mas de novo não podia passar adiante. Experimentou a terceira vez e falhou pela terceira vez.

Então fechou o livro e muito comovido olhou para cima, dizendo: “Ó Deus! use esta língua de gago para proclamar Cristo crucificado a este povo!” Desceu sobre ele o poder de Deus e ele derramou sua alma em tal torrente de palavras que o auditório inteiro ficou como que derretido pelo fogo divino.

Foi durante essa segunda visita às Ilhas Britânicas que fez a sua obra entre os homens das suas célebres universidades, Oxford e Cambridge. É uma história muitas vezes repetida de como ele, sem instrução, mas, com a graça de Deus e diplomacia, venceu a censura e fez entre os intelectuais o que alguns consideram a maior obra da sua vida.

O itinerário de Moody e Sankey na Europa, findou-se após quatro meses de cultos em Londres. Moody pregava alternadamente em quatro centros. Os seguintes algarismos nos servem para compreender algo da grandeza dessa obra durante os quatro meses: Realizaram-se 60 cultos em Agricultural Hall, aos quais um total de 720.000 pessoas assistiram; em Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 assistiram; em Camberwell Hall, 60 cultos, com a assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60 cultos, 330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 assistentes.

Como é glorioso acrescentar aqui o seguinte:

As diferenças entre as denominações quase desapareceram. Pregadores de todas as igrejas cooperavam numa plataforma comum para a salvação dos perdidos. Abriram-se de novo as bíblias e houve um grande interesse pelo estudo da Palavra de Deus.

Quando Moody saiu dos Estados Unidos em 1873, era conhecido apenas em alguns Estados e tinha fama, apenas como obreiro de Escola Dominical e da Associação Cristã de Moços. Mas quando voltou da campanha na Inglaterra em 1875, era conhecido como o mais famoso pregador do mundo.

Contudo continuou o mesmo humilde servo de Deus. Foi assim que uma pessoa que o conhecia intimamente descreveu sua personalidade:

Creio que era a pessoa mais humilde que jamais conheci… Ele não fingia humildade. No íntimo do seu coração rebaixava-se a si mesmo e superestimava os outros. Ele engrandecia outros homens, e, sempre que possível arranjava para que eles pregassem. Fazia tudo para não aparecer.

Ao chegar novamente aos Estados Unidos, Moody recebeu convites, para pregar, de todas as partes do País. Sua primeira campanha (em Brooklyn) foi um modelo para todas as outras. As denominações cooperavam e alugaram um prédio que comportava 3.000 pessoas. O resultado foi uma grande e permanente obra.

Durante um período de vinte anos, ele dirigiu campa­nhas com grandes resultados nas maiores cidades dos Estados Unidos, Canadá e México. Em diversos lugares as campanhas duraram até seis meses. Em todos os lugares Moody proclamava clara e praticamente a mensagem do Evangelho.

Nas suas campanhas havia ocasiões que eram realmen­te dramáticas. Em Chicago, o Circo Forepaugh, com uma tenda de lona que tinha assentos para 10.000 pessoas e l­gares para outras 10.000 em pé, anunciou representações para dois domingos. Moody alugou a tenda para os cultos de manhã, os donos achando muita graça em tal tentativa. Mas no primeiro culto a tenda ficou repleta. Foram tão poucos os que assistiram às representações do circo à tarde, que os donos resolveram não fazer sessão no segundo domingo.

Entretanto, o culto realizou-se sob a lona no segundo domingo, o calor era tanto que dava a impressão de matar a todos, porém 18.000 pessoas ficaram em pé, banhados em suor e esquecidos do calor. No silêncio que reinava durante a pregação de Moody, o poder desceu e centenas foram salvos. Acerca de um desses cultos certo assistente deu estas impressões:

Nunca jamais me esquecerei de certo sermão que Moody pregou. Foi no Circo de Forepaugh durante a Exposição Mundial. Estavam presentes 17.000 pessoas, de todas as classes e de todas as qualificações. O texto do sermão foi: ‘Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.’ Grandiosa era a unção do pregador; parecia que estava em íntimo contacto com todos os corações daquela massa de gente. Moody disse repetidamente: ‘Pois o Filho do homem veio – veio hoje ao Circo Forepaugh – para procurar e salvar o que se perdera.’ Escrito e impresso, isso parece um sermão comum, mas as suas palavras, pela santa unção que lhe sobreveio, tornaram-se palavras de espírito e de vida.

Durante a Exposição Mundial, no dia designado em honra de Chicago, todos os teatros da cidade fecharam, porque se esperava que todo o mundo fosse à Exposição a seis quilômetros de distância. Porém, Moody alugou o Central Music Hall e R. A. Torrey testificou que a assistência era tão grande, que ele só conseguiu entrar por uma janela dos fundos do prédio. Os cultos de Moody continuaram tão concorridos que a Exposição Mundial teve de deixar de funcionar aos domingos, por falta de assistência.

Contemplemos de novo, por um momento, a vida ex­traordinária desse grande ganhador de almas. Quando o jovem Moody chorava sob o poder do alto na pregação do jovem Spurgeon, foi inspirado a exclamar: “Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também“.

A biografia de Moody é a história de como ele vivia completamente submisso a Deus, para esse fim. R. A. Torrey disse:

O primeiro fator por cujo motivo Moody foi instrumento tão útil nas mãos de Deus é que ele era um homem inteiramente submisso à vontade divina. Cada grama daquele corpo de 127 quilos pertencia ao Senhor. Tudo que ele era e tudo que tinha pertencia inteiramente a Deus… Se nós, tu e eu, leitor, queremos ser usados por Deus, temos de nos submeter a Ele absolutamente e sem reservas.

Que, inspirados nele, possamos agora, com a mesma determinação e pelo auxílio divino dizer:

 

Se Deus podia usar Dwight Lyman Moody, Ele pode me usar também!

 

E que assim seja! Amém!

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As três dimensões da vida

As três dimensões da vida

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: …”
(Eclesiastes 3:1)

Os ciclos da vida até a eternidade

Resumidamente, no Livro Eclesiastes, capítulo 3:1-8,11,14-15, Salomão enfatiza os “ciclos da vida” pelos quais todos nós passaremos e nos quais Deus executará Seu plano independente de nós ou através de nós. Por isso, vemos citados  neste “ciclos da vida” (ou circunstâncias da vida), os “trabalhos” ou “obras”, para serem realizados para nós mesmos ou para Ele ou em Nome dEle.

Dentro desses “ciclos ou circunstâncias da vida”, vamos nos deparar com diversas “circunstâncias” que pode ter origem natural, podem ser causadas por nós mesmos como consequências de nossas atitudes, ou colocadas (com a permissão de Deus é claro) em nosso caminho pelo inimigo de nossas almas ou ainda aquelas que são advindas do próprio Deus, segundo seu beneplácito. Muitas dessas “circunstâncias da vida” podem até parecer contradizentes aos planos de Deus, contudo, não devem ser obstáculos que nos faça deixar de acreditar nEle, pelo contrário, devem ser vistos como “oportunidades” de experimentar que “Deus é Bom” (Sl 34:8).

Foi dentro de “circunstâncias de aflições e tribulações” que Davi escreveu o Salmo 34. E ele começou falando que “independente do que estava vivendo”, ele “Bendiria o SENHOR em todo o tempo, com um louvor que estaria sempre nos meus lábios” (Sl 34:1). Nesta declaração de Davi, o “em todo o tempo” não está indicando “tempo decorrido” (medido em minutos, horas, dias, etc.), mas sim, em “todas as circunstâncias ou ocasiões”, sendo elas boas ou ruins. Quando escreveu o Salmo 34, Davi estava vivendo “perseguições e aflições” (Sl 34:6). E é justamente dentro desse contexto de aflições e perseguições que Davi nos chama a “experimentar”, isto é, “provar (como quem experimenta um bom prato de comida) que “Deus é bom!” (Sl 34:8).

Para ficar registrado: o Salmo 34 foi escrito por Davi, quando, fugindo do Rei Saul, “mentiu” para o sacerdote Aimeleque (1 Sm 21:1-9) e se “fez de louco” perante o rei filisteu Aquis, rei de Gate, o qual o expulsou de sua presença (1 Sm 21:10-15). A “mentira de Davi” levou o sacerdote a ajuda-lo dando a ele ele e seus homens o “pão da proposição” (1 Sm 21:3-6; Mt 12:3-4) e a espada com a qual matara Golias (1 Sm 21:8-9). As consequências foram as mortes do sacerdote Aimeleque e dos oitenta e cinco sacerdotes que com ele estavam, além dos “homens, e mulheres, e meninos, e crianças de peito, e bois, e jumentos, e ovelhas” na cidade de Nobe, que era a cidade dos sacerdotes (1 Sm 21:7; 22:6-19).

 


As três dimensões dos ciclos da vida

 

“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.”
(Eclesiastes 3:11)

 

Voltando ao Salmo 34, entendemos então que louvar e adorar a Deus em tempos de fartura, de saúde, de alegrias, é fácil, por isso, o convite de Davi é para “Bendizermos ao SENHOR” e “louvarmos a Deustendo sempre um cântico nos lábios” independente do tempo, do momento, das circunstâncias e do lugar em que estivermos (Sl 34:1). Assim, poderemos experimentar, ou seja, provar, que “Deus é Bom”, e que sem Ele, os problemas da vida não oferecem soluções verdadeiras e duradouras, apenas nos ilude, e nos faz abrir mão do cuidado do Senhor (Sl 23:1-6; 37:5; 40:17).

E esse “cuidado do Senhor” deve ser “experimentado” ou “provado” dentro dos “tempos” (circunstâncias, momento) que Salomão nos apresenta em Eclesiastes 3:1-8,11. Lendo com calma sobre o tema, podemos encontrar esse princípio sendo aplicado nas vidas dos grandes homens de fé que encontramos na Bíblia. Então, podemos entender que nosso Deus usa “três dimensões” para trabalhar seu povo, individualmente e/ou coletivamente, eu, você, nós e a Igreja como um todo.

Segundo o dicionário, “dimensão” significa: extensão mensurável – em todos os sentidos – que determina a porção de espaço ocupada por um corpo; tamanho, proporção. Então, dentro das histórias do Povo de Israel, ou das personagens protagonistas nas histórias, encontramos Deus usando “três dimensões“, que são: circunstâncias, o tempo e o lugar. Para melhor entendimento, leia com atenção as seguinte definições que temos destas dimensões:

  • Circunstâncias: no sentido de modo que cerca ou acompanha um fato ou uma situação e que lhes é essencial à natureza; conjuntura, momento, ocasião; causa, motivo;
  • Tempo: segundo o dicionário é a duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual eventos se sucedem; determinado período considerado em relação aos acontecimentos nele ocorridos; certo período da vida que se distingue de outros; e,
  • Lugar: significando parte delimitada de um espaço; local, sítio, região; local onde se está ou se deveria estar; posto, posição, ponto; posição, posto considerado apropriado para alguém ou como lhe sendo devido; momento adequado, oportuno; hora, ocasião.

 


 

O propósito do uso das três dimnesões

 

“Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.”
(Eclesiastes 3:14)

 

E para que Deus usa essas “três dimensões”? Para trabalhar, testar ou formar, nosso caráter, alimentar nossa esperança com base fé que persevera e na santificação que nos livra da contaminação e corrupção moral/ética. Essas três dimensões” são usadas, resumidamente, da seguinte forma:

  • Circunstâncias: usada para criar em nós a dependência dEle com base na obediência a Suas orientações, preceitos, vontade e direção revelado aos nossos corações (Mt 4:3-4);
  • Tempo: utilizado para desenvolver em nós a perseverança que gera a esperança perseverante (esperar com confiança) alicerçada na fé que descansa nas promessas dEle (Rm 5:3-5; 15:4); e,
  • Lugar: no lugar que estivermos, Deus verifica se mantemos nossa santificação (separação do mundo) com base na comunhão e intimidade com Ele, ou seja, se não nos “contaminamos/corrompemos”, moral e eticamente, pela influência do “meio ambiente” cultural, social, religioso, etc., em que estivermos inseridos (Mt 5:13; Hb 12:14).

Para entendermos bem essas “três dimensões” do trabalhar de Deus em nossa vida, talvez seja melhor usar exemplos bíblicos que nos darão uma compreensão melhor do tema.

 


 

APLICAÇÃO PRÁTICA DAS TRÊS DIMENSÕES

 

“O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou.”
(Eclesiastes 3:15)

 

Leia com atenção o texto de Deuteronômio 8:2-5:

2Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. 3Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem. 4Nunca envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos. 5Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus.” (Dt 8:2-5).

Em Deuteronômio 8:2-5, temos Deus esclarecendo ao Seu Povo sobre o uso das “três dimensões” (circunstâncias, tempo e lugar) para gerar a dependência dEle com base na obediência à suas orientações e preceitos, e desenvolvessem uma esperança perseverante (a esperar com confiança) alicerçada na fé que descansasse nas Suas promessas. Também demonstrar a necessidade de santificação com base na comunhão e intimidade com Ele pela “separação” do Egito, isto é, abandono dos costumes culturais e religiosos absorvidos durante a escravidão no Egito.

Logo de início, no versículo 2, Deus, usando Moisés, fica bem claro o uso das “três dimensões”: “te guiou no deserto (lugar) estes quarenta anos (tempo), para te humilhar (circunstâncias)” (Dt 8:2). E, seguindo na leitura, vemos isso ainda de forma mais clara. Temos a Palavra falando novamente da circunstância (Dt 8:3), do tempo (Dt 8:4 – quarenta anos) tudo isso em um só o lugar (Dt 8:2 – deserto). Onde Deus teve alguns “propósitos” nisso tudo. Ele usou as “três dimensões”, segundo o que está escrito, “para ver o que estava no coração” de seu povo (Dt 8:2; Jr 17:9-10), para fazê-los entender que precisavam crer, confiar e depender somente dEle (Dt 8:3; Êx 15:26; 16:1-35) e que, Sua forma de agir era disciplinadora, não no sentido de “castigo”, mas de “treinamento” para a vida (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb 12:4-9).

 


 

AS TRÊS DIMENSÕES NA VIDA DE ABRAÃO

 

“Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.”
(Tiago 2:23)

 

Também vemos Deus agindo assim com Abraão, quando mandou que ele saísse do meio do povo dele (eram idólatras) e ir para um lugar que Ele o mostraria prometendo a Abraão uma descendência numerosa, sendo que Abraão tinha 75 anos e não tinha filho (Gn 12:1-4). Depois, acredito que passado alguns, Deus renovou a promessa de dar uma descendência a Abraão e que daria a essa sua descendência a terra de sua peregrinação (Gn 13:14-18). Passado mais algum tempo, Deus renova e sela essas promessas com Abraão através de um sacrifício cerimonial (Gn 15:1-18).

Contudo, Deus só cumpriu a promessa do “herdeiro legítimo” quando Abraão tinha 100 anos, ou seja, 25 anos depois de tê-lo mandado sair de sua casa, do meio de sua parentela (Gn 17:1-27; 21:1-8). Anos depois, o Senhor ainda pediu a Abraão que sacrificasse o fruto da “promessa” (Gn 22:1-19). Vemos então Deus usando várias “circunstancias, em todo o tempo (25 anos) e vários lugares (peregrinação pelo deserto)” para “treinar” Abraão, que embora tenha cometido alguns erros, foi aprovado a ponto de ser chamado de o “Pai da Fé” e “Amigo de Deus” (Rm 4:16-22; Gl 3:6-9; Is 41:8; Tg 2:21-23).

 


AS TRÊS DIMENSÕES NA VIDA DE JOSÉ

 

“Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.”
(Gênesis 50:20)

 

Temos também Deus usando “circunstancias, tempo e lugar” para trabalhar na vida de José, filho de Jacó. E esse “trabalhar” tem início quando José era ainda jovem, com apenas 17 anos (Gn 37:2-28). Depois de ter sido vendido aos ismaelitas como escravo (Gn 37:2,28), José passou um tempo próspero na casa de Potifar, oficial egípcio, que por causa de José foi abençoado por Deus (Gn 39:1-5). Mas, por não ter cedido aos “caprichos sedutores” da Mulher de Potifar, pela mentira dela, José foi jogado no calabouço. E outra vez “Deus foi com José” que mesmo preso foi abençoado e prosperou em tudo que fez (Gn 39:19-23). Entre a casa de Potifar e o calabouço não temos o tempo exato que ele passou em cada lugar.

Mas, até ser elevado como o “segundo homem depois de Faraó” para Governar o Egito, transcorreram 13 anos (Gn 41:38-46). Interessante é que não vemos em toda a história de José, em nenhum momento, Deus falar diretamente com ele ou usar alguém para lhe dirigir uma palavra em nome de Deus. A única coisa que José teve “foi sonhos” e recebeu o “dom” de interpretar sonhos, embora não tenha “interpretado os próprios sonhos” (Gn 37:6-11; 40:6-22; 41:17-46). Apesar disso, em todas as “circunstâncias, tempo e lugar” que José esteve e passou, vemos Deus trabalhando na vida dele para o abençoar, bem como abençoar os que estavam aos seu lado e, por fim, seu Povo (Gn 45:3-10; 50:19-22).

 


 

AS TRÊS DIMENSÕES NA VIDA DE MOISÉS E DO POVO HEBREU

 

“Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus.”
(Deuteronômio 8:5)

 

E sobre Moisés, o que podemos falar? Levado ainda bebê para o Palácio Real, criado como filho da filha do faraó, levou uma vida de príncipe até os 40 anos onde recebeu conhecimento humano na nação mais próspera e desenvolvida da época, tendo a melhor educação/formação possível na sua época (Êx 2:1-10; At 7:20-22). Dentro dessa “educação egípcia”, achando que podia exercer justiça ao seu Povo Hebreu, matou um egípcio que mal tratava um escravo hebreu, por isso, teve que fugir para terra de Midíã (Êx 2:11-15; Atos 7:23-29).

Em Midiã ele aprendeu a apascentar rebanhos, profissão considerada uma “abominação religiosa” para os egípcios (Gn 43:32; 46:34; Êx 8:26), e passados outros 40 anos Moisés, estava com 80 anos de vida, quando em Midiã Deus o chama para ser o “Libertador do Povo Hebreu” (Êx 3:1-15; 12:1-51; At 7:30-32,34).

Não obstante ter cumprido seu papel de “Libertador de Israel”, peregrinou com eles por outros 40 anos no deserto, onde Deus o usou como o “Legislador da Nação” de Israel (Dt 33:4; Jo 1:17, 7:19; At 7:35-41), porém, morreu, sem entrar na “Terra Prometida” aos 120 anos (Nm 20:1-12; Dt 34:4-7). Em todos esses “estágios” da vida de Moisés, podemos ver Deus usando “circunstancias, tempo e lugar” para trabalhar tanto na vida do “Libertador e Legislador do Povo de Israel” quanto de todo o Povo Hebreu, mas, especialmente, na do Seu Povo (Dt 8:1-20; 29:1-29).

 


 

OUTROS EXEMPLOS DAS TRÊS DIMENSÕES

 

“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.”
(Jó 42:2)

 

Poderíamos citar ainda Josué, Neemias, Salomão, alguns dos Profetas, Paulo, os Apóstolos e até o próprio Senhor Jesus para deixar claro que Deus usou e ainda usa essas “três dimensões dos ciclos da vida” (circunstâncias, tempo e lugar) para nos ensinar a depender dEle com base na obediência à sua orientação e preceitos, desenvolvendo uma esperança perseverante (esperar com confiança) que deve estar alicerçada na fé que descansa em Suas promessas, conservando nossa santificação (incorruptibilidade de caráter) com base na comunhão e intimidade com Ele, independentemente do lugar que estivermos (Ec 3:11,14-15).

Então, é importante entendermos o tempo de Deus, dentro dos “ciclos da nossa vida“, através das circunstâncias, tempo e lugar, que estivermos vivendo. Assim como José discerniu quando recebeu seus irmãos no Egito. Os irmãos de José o venderam como mero escravo aos ismaelitas por ciúmes, inveja e até ganância, mas, Deus se valeu deste ato perverso para cumprir Seu propósito divino.

Deus fez José chegar ao Egito (maior potência da época) para preservar a vida da família do Jacó, salvar o Egito e preparar o caminho para o início da nação do Israel. Isso foi o que disse José a seus por duas vezes (Gn 45:5, 50:19-22). Precisamos entender definitivamente que Deus é soberano. Seus planos não podem ser frustrados ou conduzidos pela imposição, erros ou desejos dos homens (Jó 42:2; Is 43:13).

 


 

OS PENSAMENTOS DE DEUS QUANDO USA AS TRÊS DIMENSÕES

 

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”
(Jeremias 29:11)

 

Antes de encerrar vamos meditar sobre uma palavra do Profeta Jeremias. Ele foi usado por Deus para desmentir os “falsos profetas” de sua época (Jr 14:13-15; 27:13-15; 29:8-9) que haviam “profetizado” que Deus não entregaria a Nação de Israel nas mãos de Nabucodonosor (Jr 27:1-18) e, depois que aconteceu a deportação do povo para a Babilônia, começaram a “profetizar” que o exílio seria apenas de “dois anos” (Jr 28:1-9). Então, Jeremias escreveu uma carta aos deportados de Jerusalém para a Babilônia (Jr 29:1-4) e, entre outras coisas, o Profeta Jeremias escreveu:

10Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar. 11Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29:10-11).

Perceba que, desmentido os “falsos profetas”, Jeremias afirmou que o “Cativeiro Babilônico” seria de 70 anos, e instruiu os exilados a levarem suas vidas adiante lá na Babilônia, orando sempre por aquela nação pagã que os havia subjugado. E que Ele, Deus, tinha “um plano” para eles durante aqueles 70 anos que viveriam exilados. Vemos então Deus falando (indiretamente) das “três dimensões” que usaria para com Seu Povo. A circunstância (cativeiro babilônico), tempo (70 anos) e lugar (Babilônia) com “pensamentos de paz e não de mal, para dar a eles o fim que desejavam” (Jr 29:11).

Devemos lembrar que foi durante esse “Cativeiro Babilônio” que aconteceram as histórias do Profeta Daniel e de seus amigos Hananias, Misael e Azarias (Dn 1:6-7; 2:47-49). Daniel e seus amigos, não levaram em conta as circunstâncias, tempo e lugar, que estavam vivendo, com certeza sabiam da carta do Profeta Jeremias. Eles não se “corromperam” e nem se deixaram “contaminar” pelo “melhor que a Babilônia” os ofereceu (Dn 1:8-21). Não se renderam as práticas “daquele lugar” mesmo diante dos riscos que correram de morte (Dn 3:1-30; 6:1-28) e, em todas essas circunstâncias, o Nome de Deus foi glorificado (Dn 1:19-20; 2:47-49; 3:28-30; 6:25-28).

 


 

 


 

EM TODOS OS MOMENTOS VIVEMOS ESSAS TRÊS DIMENSÕES

 

“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”
(Mateus 28:20b)

 

Por mais que a vida tente nos deter em decorrência das circunstâncias, tempo e lugar, usando momentos difíceis, alguma situação desagradável ou inquietante durante os “ciclos de nossa vida“, devemos nos “refugiar e esperar” em Deus, atentos a Sua “orientação e direção”, nos ajustando sempre para continuar em frente (Sl 32:7; 46:1; 62:8; 119:114; 130:5). Não podemos nem devemos usar circunstâncias, tempo e lugar para tentar justificar nossos erros, falhas e fracassos (Pv 24:10; Is 40:29-31; Hb 12:3-14).

Devemos lembrar sempre que, se tememos e servimos a Deus com sinceridade de coração, Ele próprio afirma que “estará conosco”  (Mt 1:23; Jo 14:15,21,23) independente das circunstancias, tempo e lugar. Sim, independentemente do que enfrentamos nos “ciclos da vida” (Ec 3:1-8,11,14-15), se “há inimigos pelos caminhos”, ou “vales da sombra da morte”, tempos de “angústia e aflições”, se estamos passando por “rios, águas e fogo” (Dt 31:6-8; Sl 23:4, 66:12, 91:15; Is 43:2), Deus, em Cristo Jesus,está conosco todo os dias”, até o “fim do tempo dos ciclos de nossa vida” (Ec 3:11; Mt 28:20b; Hb 10:35-39).

 


 

por Anderson Fazzion
Membro da WH Brasil