Nos últimos dias temos ouvido e visto muitos comentários acerca da sustentabilidade. Infelizmente há muitos cristãos despreocupados com ela. Alguns acreditam que não há razão para se preocupar com o planeta, uma vez que almejam a Nova Jerusalém. Nesse discurso alienante relegam sua responsabilidade diante da criação, e porque não, da existência humana.
Somos parte da criação e dessa forma estamos dentro de um sistema que depende, para sua sustentação, da harmonia das partes que lhe integram. Deus deu ao homem a responsabilidade e o privilégio de ser a sua imagem. “[…] disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar,sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn 1:26). O homem criado por Deus foi feito para representar o domínio de Deus sobre a criação. Para isso, recebeu a imagem do seu Criador. Toda a criação foi posta sob sua responsabilidade.
Entretanto, o pecado corrompeu o homem de modo a afetar o seu papel diante da criação. A vontade de Deus foi colocada em segundo plano de tal maneira que os desejos carnais passaram a dominar sobre o homem. O primeiro exemplo do domínio carnal pode ser visto no homicídio praticado por Caim (Gn 4:8-16). Naquele episódio podemos perceber Caim sendo governado pelo egoísmo a ponto de matar o seu próprio irmão. A insustentabilidade do planeta começou a dar seus sinais desde o dia em que o pecado entrou no mundo.
Ele pôs em desarmonia as relações entre o homem e Deus, o homem e o homem, e o homem e a criação. Essas três dimensões foram tomadas pela perversidade. No primeiro caso, o homem morreu para Deus, tornou-se incapaz de responder perfeitamente a vontade do seu Criador. Como citei acima, a morte de Caim exemplificou a degradação dos relacionamentos humanos. A criação passou a ter um administrador inconsequente que polui rios, ar e florestas em nome de objetivos egoístas.
Acredito que a solução para o nosso planeta está no evangelho de Cristo. Discursar sobre a preservação do planeta sem que o homem esteja em condições de harmonia com Deus, com o próximo e com a criação é como tentar encher um saco furado. A boa notícia de Deus para nós diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Jesus foi enviado ao mundo para que a vida eterna pudesse ser manifestada aos homens. Aqueles que crêem obedecem a Cristo com um modo de vida semelhante a ele.
Cristo é homem que Deus quer que sejamos. Assim, como Adão ele veio para que pudéssemos ter a vida restaurada em todas as dimensões. A harmonia que o cristão recebe de Cristo possibilita transformações concretas em todas as suas relações. Com isso podemos pensar a sustentabilidade à luz de Cristo e não dos interesses econômicos. O planeta anseia pela transformação daqueles que foram feitos filhos de Deus (cf. Rm 8:19). Enquanto ela na se cumpre plenamente, os filhos de Deus assumem de volta a sua responsabilidade para com a criação que um dia será transformada para o seu deleite.
O evangelho de Cristo nos dar a esperança de um novo céu e uma nova terra, uma existência onde tudo voltará a sua forma original. Entretanto, não podemos esconder a nova mente recebida de Cristo que nos transforma paulatinamente para a glória de Deus. Essa mente nos faz lembrar que a criação foi feita para Pai e que não podemos contribuir com o pecado manchando a criação. Assim como fomos libertos do domínio do pecado é nosso dever não permitir que ele continue a dominar sobre a criação.
O objetivo da sustentabilidade para um mundo marcado pelo pecado só será possível se os responsáveis pela criação, eu e você, estiverem em plena harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. Caso contrário, continuaremos a ouvir discursos inflamados em favor da existência humana e nada mais.
Pr. Leonardo Felix