Por mais extremo que possa parecer, é uma triste realidade que se percebe no mundo, especialmente nos EUA e alguns países da Europa, e que está se alastrando pelo Brasil, o fato de que, à medida que as mulheres cristãs vão abraçando o feminismo por um lado, por outro elas vão negando a Palavra de Deus ou a adequando as suas ideologias. Diante dessa triste realidade torna-se fundamental uma análise do “Feminismo à luz da Bíblia“.
O feminismo afirma que a Bíblia é um livro “machista” que retira da mulher seus direitos e resume a vida da mulher em meras “donas de casa”, ou “do lar”, encarregadas das atividades domésticas, como uma empregada que não foi contratada. Acreditam que as mulheres cristãs são acéfalas e alienadas, sem a instrução necessária para confrontar o pensamento “arcaico bíblico”, e por isso se submetem a ele.
Para essa reflexão, iniciemos com o tão propalado “empoderamento”. Segundo a internet “empoderar” é:
“Um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem. A partir do seu sentido figurado, empoderar representa a ação de atribuir domínio ou poder sobre determinada situação, condição ou característica. O ato de empoderar é considerado uma atitude social que consiste na conscientização dos variados grupos sociais, principalmente as minorias, sobre a importância do seu posicionamento e visibilidade como meio para lutar por seus direitos. Um dos atos de empoderar mais conhecido é o empoderamento feminino, ou seja, quando há a conscientização das mulheres de reivindicarem socialmente por igualdades de direito entre os diferentes gêneros.”
O “empoderamento feminino”, ou “emancipação feminina”, é a “ideologia feminista” como “um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objetivo comum: direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões patriarcais, baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade entre homens e mulheres, além de promover os direitos das mulheres e seus interesses. ”
Mas, ao longo das décadas, o “feminismo” perdeu seus ideais e se tornou uma ideologia política, que busca de todas as formas superar o “machismo”, não para provocar uma mudança de mente, mas para suplantá-lo, como uma verdadeira revanche, podendo ser chamado de “feminismo radical”, que surgiu dentro da “segunda onda do feminismo”. Assim, o que buscava liberdade e igualdade de tratamento para as mulheres, passou a impor às mulheres “regras de condutas” que, ao longo dos tempos, tem desvirtuado a imagem da mulher para algo que chega a ser grotesco, destruindo relacionamentos e, o pior, afastado a mulher de sua verdadeira posição no Reino de Deus.
A segunda onda do feminismo teve como objetivo a liberação da mulher e teve início na segunda metade da década de 1960 e durou até o final dos anos 1980. Essa onda é marcada pela organização e a luta pela conquista de direitos políticos, e especialmente com a luta pela completa igualdade entre os sexos. O slogan dessa segunda onda foi “O pessoal é político” e identificava o problema da desigualdade como a união de problemas culturais e políticos. Em outras palavras: os problemas pessoais eram políticos, então nessa segunda onda as feministas encorajavam as mulheres a serem politizadas e combaterem as estruturas machistas de poder. Nesse período surgiram nos Estados Unidos expressões como “Liberação das mulheres”. Protestos feministas ficaram associados a essa fase do feminismo.
Essa Segunda Onda também passou a criticar a concepção tradicional da mulher exercendo o papel de mãe e dona de casa. Essa crítica incendiou o cenário social, especialmente nos Estados Unidos, que foi invadido por mulheres que queriam trabalhar e a se sustentarem, sendo “totalmente independentes” e buscando igualdade em questões de trabalho e salários. A partir dessa onda o feminismo passou a lutar tanto pela liberação sexual da mulher, quanto por uma mudança na concepção de que a mulher é mais frágil que o homem e de que a mulher deve ser “esposa” e “mãe”, porque esses papeis, tradicionalmente concebidos, passaram a ser vistos como opressores.
Por fim, a “terceira onda” do movimento feminista começou na década de 1990, como resposta às supostas falhas do movimento anterior. Esta terceira fase do movimento se apresentou como meio para corrigir as falhas e as lacunas deixadas pela segunda onda. Dentre as questões mais importantes defendidas pelas mulheres dessa fase estão as discussões relativas à questões: cultural, social e política da cor; principalmente a participação da mulher negra na sociedade, porque na segunda fase o movimento se baseava essencialmente nas experiências de mulheres brancas de classe média-alta norte-americanas e britânicas. Então, elas tentaram desassociar o feminismo a esse padrão ou estereótipo. Essa terceira onda também passou a enfatizar que não há diferenças entre homens e mulheres e que os papeis de um e de outro estão socialmente condicionados. Esse movimento foi marcado por diversos questionamentos internos e um olhar crítico das feministas sobre o próprio movimento.
Vale destacar a influência da filósofa francesa Simone de Beauvoir, que escreveu a obra “O Segundo Sexo”, essa obra foi publicada em 1943 e passou a influenciar o Movimento Feminista a partir da segunda onda. Esse é um bom livro para se conhecer as bases do Feminismo Moderno. No livro “O Segundo Sexo”, a autora defende que a condição da mulher na sociedade é uma construção da sociedade patriarcal, que as distinções de papéis entre homens e mulheres são meras construções sociais e não uma questão biológica. A vida de Simone de Beauvoir inclui entre muitas polêmicas sua luta pela legalização da pedofilia, e acusações de abuso sexual de menores. Os pais de uma das alunas de Simone de Beauvoir fizeram acusações formais contra de ela e, como resultado, ela teve sua licença para lecionar na França revogada permanentemente.
Nos povos do Oriente Antigo, uma mulher não podia se expressar, ela era tida como um objeto, de modo que possuir uma mulher ou um camelo era a mesma coisa e, por isso, a mulher também não podia herdar nada, até que algo mudou dentro da Lei mosaica. O primeiro registro de se tratar as mulheres com igualdade aos homens está registrado na história de Israel, na história das filhas de Zelofeade que, não tendo irmãos, foram até Moisés levando uma petição, reclamando as posses de seu pai. Elas estava se sentindo prejudicadas e foram atrás de seus direitos, isso foi uma quebra de paradigmas para a época, foi algo revolucionário porque elas corriam o risco de serem apedrejadas, mas ousaram buscar justiça, sem andar seminuas pelo acampamento, sem demonstrar “ódio” pela liderança do Povo de Israel que era formada exclusivamente por homens, sem inflamarem as demais mulheres a “romperem” com seus maridos machistas a fim de criarem um reduto exclusivamente feminino.
Elas, seguindo as regras ditadas pela sociedade de então, foram a quem poderia atendê-las e apresentaram diante do grande juiz Moisés a sua queixa justa a qual foi analisada e ponderada, Moisés não fez pouco caso delas e reconheceu que era justo o que pediam, mas ele não conseguiu dar a elas um parecer imediato. Ele até poderia dar seu veredito e isso se tornaria lei, mas diante daquela situação, Moisés não foi precipitado, não deu uma palavra pronta, ele na verdade ficou em uma “saia justa”, mas como era um homem de oração, levou o caso ao Senhor e Deus concordou com a petição daquelas mulheres, a Lei acabou recebendo um “adendo” (Números 27:1-11).
Vemos então Deus determinando a “igualdade de gênero” para a posse de herança determinando a Moisés que se um homem morresse sem deixar filhos homens, sua herança passaria a suas filhas (Nm 27:8; Js 17:3,6). Desta forma, o Senhor, através de Moisés, não somente julgou a causa das filhas de Zelofeade, como também estabeleceu como lei perpétua para ser observada por todas as gerações em Israel, apresentando as exceções e como ela deveria ser executada caso estivesse ausente o legítimo dono do direito e estivessem vivos seus sucessores legítimos, da mesma forma que encontramos hoje em muitas leis concernentes a herança, constantes nos códigos civis ou de propriedade de diversos países.
Enquanto o mundo e suas ideologias desvirtuam tudo aquilo que é perfeito segundo o padrão bíblico, no caso, incutindo nas mulheres a ideia distorcida do propósito de Deus ter criado a mulher, precisamos lembrar da advertência de Paulo em sua epístola aos romanos que nos orienta a não “tomarmos a forma do mundo”, ou seja, nos adaptarmos as “ideologias mundanas”, mas buscar aprender os princípios de Deus a fim de servi-lo (Rm 12:1-2).
Quando Deus formou Eva a partir de Adão, respeitada as peculiaridades e propósitos fisiológicos de cada um, ambos tinham apenas uma missão: “cultivar e guardar o jardim” (Gn 2:15,18), até que o primeiro pensamento de “empoderamento feminino” foi plantado de forma bem particular na mente de Eva pelo inimigo de nossas almas (Gn 3:1-6; 2 Co 11:3).
Poderia citar aqui vários exemplos de mulheres que ajudaram a escrever as histórias relatadas na Bíblia, um verdadeiro exército feminino, formado por mulheres que, não obstante as limitações impostas pela cultura, religião, costumes, e até de alguns defeitos pessoais, não foram “empoderadas”, mas sim “poderosas” em Deus e, através de suas virtudes, mudaram a história de suas famílias, suas comunidades, de pessoas e até da nação de Israel. Mulheres que fizeram a diferença em seu tempo, deixando seu registro no livro mais importante do mundo: a Bíblia. Podemos citar:
Existe muitas outras, mas falta espaço e tempo para falar de cada uma, por isso, a fim de falar de todas as mulheres a Bíblia, quero apresentar um tipo de “mulher ideal”, que é a figura das mulheres que temem a Deus, seja na dispensação da Lei ou da Graça (Jo 1:17) denominada apenas por um adjetivo: “mulher virtuosa”. Descrita no livro de Provérbios 31:10-31, ela é o “ideal” de Deus, a “Eva” antes do “empoderamento maligno”, a mulher que conhece e teme a Deus como seu Senhor. Uma mulher de caráter firme, grande sabedoria, muitas habilidades e uma grande compaixão, contrariando a ideia errônea do feminismo de que a mulher “ideal” na Bíblia é retraída, servil e completamente caseira.
Esta “mulher virtuosa” é uma excelente companheira e mãe. É uma grande profissional, fabricante, importadora, administradora, corredora de bens, criadora de animais, costureira, estofadora e comerciante. Mas, sua fortaleza e dignidade não provêm de seus surpreendentes lucros, são, na verdade, o resultado do temor a Deus. Embora em nossa sociedade a aparência física conta muito, nos surpreende que isto nunca seja mencionado na descrição da “mulher virtuosa“, seu atrativo provém totalmente de seu caráter.
A “mulher virtuosa” é uma descrição da “mulher ideal” segundo a Bíblia, não como um modelo que se deve imitar em cada detalhe, mas como o padrão de Deus para as mulheres que dizem temê-lo e obedecê-lo, como forma de inspiração para ser tudo o que uma mulher pode ser em Cristo Jesus, em quem não há diferença de raça, social, ou gênero, porque nEle, não há “judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (2 Co 5:17; Gl 3:28).
Essa descrição da “mulher virtuosa” é a personificação das qualidades (tanto de homens quanto de mulher) mencionadas em todo o livro de Provérbios: trabalho árduo, temor de Deus, respeito por seu cônjuge, previsão, fôlego, interesse por outros, preocupação pelo pobre, sabedoria no manejo do dinheiro, controle do próprio espírito, saber controlar o espírito de outras pessoas, piedosa e diligente, uma boa adjutora para um homem, resoluta, que, tendo desposado os bons princípios, é firme e constante com eles.
Estas qualidades, quando exercidas sob o temor de Deus, levam a gozo, êxito, honra e dignidade. Por isso, há uma grande dificuldade de encontrar uma mulher como esta: “mulher virtuosa, quem a achará?” (Pv 31:10a), o que sugere que as boas mulheres, as verdadeiras segundo o padrão criado por Deus, são muito escassas e de grande valor.
Esse é valor indescritível da “mulher virtuosa“, um valor que o homem que tem uma esposa como essa deve lhe atribuir e retribuir, mostrando, com isto, a sua gratidão a Deus (Pv 18:22) e a sua bondade e o seu respeito por ela, por quem ele nunca deverá pensar que já fez o suficiente, pois, “o seu valor muito excede o de rubis” (Pv 31:10b), o que recomenda à estima e afeição de seu esposo.
Há uma ironia na imagem “We Can Do It!” usada para promover o Feminismo. Embora usada para retratar o “ideal feminista“, ela não foi feita para dar ideia de “empoderamento feminino” ou dizer às mulheres que elas não precisavam dos homens, pelo contrário, foi uma campanha veiculada durante a II Guerra Mundial para incentivar as mulheres a trabalharem fora de casa. Uma vez que os homens estavam na guerra, a economia precisava continuar girando, inclusive para produzir suprimentos para os soldados. Mulheres que não viam a hora de ter seus pais, maridos, noivos e amigos de volta em segurança, então trabalhar não era só questão de sobrevivência, mas um meio de trazê-los de volta para casa. Elas fizeram isso pelos homens e por suas famílias.
O cartaz teve pouca influência durante a II Guerra Mundial e só ganhou destaque no pós-guerra, quando o movimento Feminista (Segunda Onda) se apropriou dele como símbolo de “empoderamento feminino”, o que é uma ironia, porque, a imagem foi inspirada numa moça chamada Geraldine Doyle. Geraldine ficou famosa no mundo, quando foi utilizada como modelo para o cartaz e a sua figura hoje é associada à luta feminista, porém, ironicamente Geraldine é o modelo clássico de mulher que as feministas odeiam, porque ela era conservadora, tocava violoncelo e temia machucar as mãos nas máquinas de prensagem e alegava que o trabalho nas fábricas era pesado e perigoso demais para uma mulher. Trabalhou por apenas duas semanas por conta desse receio.
Durante o breve tempo que ela trabalhou na fábrica, um fotógrafo tirou uma foto dela. Logo depois de sair do trabalho como prensadora de metal, Geraldine Hoff conheceu e casou-se com o dentista Leo Doyle em 1943, onde passou a viver como uma dona de casa. O casal teve seis filhos (um filho, Gary, morreu em 1980) e permaneceram casados até sua morte em fevereiro de 2010. Ela faleceu, aos 86 anos de idade sendo bela, recatada e do lar. Mas, as feministas não contam essa história.
por Anderson Fazzion
Membro da WH Brasil
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo
Comentários da Bíblia Diário Viver
Matheus Henry – comentário do Antigo Testamento.